Uma mulher norte-americana de 30 anos foi diagnosticada com meningite eosinofílica, uma condição rara e grave causada por parasitas no cérebro. O caso, recentemente publicado em uma revista de medicina americana, destaca os perigos que podem surgir com a ingestão de alimentos mal higienizados, como ocorreu com a paciente após uma viagem ao Havaí.
Em janeiro de 2025, a mulher procurou atendimento no Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, após apresentar sintomas inexplicáveis. Inicialmente, ela relatou uma sensação de queimação nos pés, que começou uma semana depois de retornar de uma viagem à Tailândia, Japão e Havaí. Embora ela estivesse cansada, acreditava que os sintomas eram apenas reflexo do cansaço pós-viagem.
Surgimento e progressão dos sintomas
A paciente, que inicialmente atribuiu o desconforto à longa viagem, começou a notar uma sensação de queimação crescente nos pés. A dor piorava com o toque leve e, apesar de ter procurado ajuda médica duas vezes, recebeu apenas anti-inflamatórios e foi orientada a descansar em casa.
Com o tempo, os sintomas se agravaram. A dor se espalhou pelos braços, e a mulher passou a sofrer de intensas dores de cabeça e febre baixa. Em uma terceira consulta, ela foi medicada com analgésicos, mas os sintomas continuaram a piorar. Após tomar um comprimido de Zolpidem, medicamento utilizado para tratar insônia, a paciente começou a apresentar sinais de confusão mental, acreditando ainda estar no Havaí, mesmo após já ter retornado há mais de 2 semanas.
Diagnóstico e descoberta dos parasitas
Exames de imagem e uma punção lombar revelaram a presença de vermes do tipo Angiostrongylus cantonensis no cérebro da paciente, um parasita responsável por causar meningite eosinofílica, também conhecida como meningite do caramujo. Esse diagnóstico surpreendeu tanto a paciente quanto os médicos, já que os vermes estavam localizados no sistema nervoso central, causando inflamação nas meninges, a camada protetora do cérebro.
Causa e transmissão do parasita
O Angiostrongylus cantonensis é transmitido principalmente por moluscos, como o caramujo gigante africano. Humanos podem ser infectados ao ingerir alimentos contaminados com as larvas do parasita, muitas vezes sem saber, já que ele pode estar presente em frutas, verduras e até sushis consumidos crus.
Embora muitas pessoas infectadas sejam assintomáticas ou apresentem sintomas leves, em casos mais graves, como o da paciente, os vermes podem migrar para o cérebro, causando sintomas como dores de cabeça, rigidez no pescoço, vômitos e alterações neurológicas. Em até 3% dos casos, a doença pode ser fatal. Para os que sobrevivem, a dor de cabeça prolongada pode aumentar em até 26% as chances de coma.
Prevenção e tratamento
Especialistas alertam sobre a importância de práticas adequadas de higienização de alimentos, especialmente em áreas endêmicas. Os moluscos podem liberar muco contaminado sobre alimentos, e, em alguns casos, esses parasitas podem ser triturados e consumidos sem que se perceba. Para reduzir o risco de infecção, recomenda-se o uso de água sanitária diluída para desinfetar frutas e verduras.
A paciente foi tratada com corticosteroides e albendazol, medicamento indicado para infecções parasitárias. Após seis dias de internação, ela apresentou uma melhora significativa no quadro clínico.