Uma menina de 3 anos, de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, foi internada após sofrer traumatismo craniano em uma creche. Segundo a denúncia da família de Pérola Hadassa, a criança não foi levada ao atendimento médico imediatamente após o acidente e, em vez disso, foi colocada para dormir pela professora, o que gerou preocupação quanto à negligência da instituição.
Após o ocorrido, a menina começou a passar mal em casa, com sintomas como vômitos e sonolência excessiva, o que motivou sua mãe a buscar ajuda médica. A situação levantou uma importante questão: por que não se deve permitir que alguém durma após sofrer uma pancada na cabeça?
A Perigo do Sono Após um Traumatismo Craniano
De acordo com especialistas, o sono não piora os danos causados pela pancada na cabeça, mas pode mascarar sintomas cruciais que indicam a gravidade do quadro. A neurologista Thaís explica que a lesão pode provocar o rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro, resultando em um sangramento intracraniano que pode não ser imediatamente visível. Ao dormir, o paciente perde a capacidade de perceber ou relatar esses sinais, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento.
“É importante entender que, logo após o trauma, pode ocorrer um sangramento interno que só se manifesta com o tempo, com sintomas como dor de cabeça, sonolência, confusão mental ou até mesmo coma. Por isso, recomendamos que a pessoa não durma logo após o impacto, para que possamos monitorar continuamente a sua condição e detectar qualquer alteração”, afirma Thaís.
Traumatismo Craniano: Como Avaliar a Gravidade?
Quedas, principalmente de grandes alturas ou de forma violenta, podem resultar em traumatismo craniano. Dependendo da gravidade, o quadro pode ser classificado como leve, moderado ou grave.
“Uma queda leve pode ser apenas um tombo, causando um pequeno hematoma; o trauma moderado pode ocorrer a partir de uma queda maior, e o grave é geralmente relacionado a acidentes de trânsito ou traumas mais fortes, com lesões visíveis. A preocupação com as quedas leves e moderadas é que, muitas vezes, não apresentam sintomas imediatos”, explica o médico clínico geral Marcos.
Sinais de Alerta: O Que Observar?
É fundamental que pais e responsáveis fiquem atentos a sinais de alerta, como perda de consciência, sonolência, irritabilidade, náuseas, vômitos, dores de cabeça intensas, desequilíbrio, confusão mental ou alterações na fala e visão. A neurologista recomenda observar o comportamento da criança, especialmente se ela, normalmente ativa, se mostrar letárgica ou com dificuldades para se locomover ou se comunicar.
“Se a criança não estiver respondendo como de costume, se tiver dificuldades para andar, falar ou interagir, é hora de buscar orientação médica imediatamente”, alerta o especialista.
O Que Fazer Após a Queda?
Em casos de trauma craniano leve ou moderado, os médicos geralmente recomendam que a pessoa não durma nas primeiras 12 horas após a queda. Durante esse período, é importante monitorar os sintomas a cada 30 minutos, acordando o paciente e verificando seu estado de saúde. “Caso a criança apresente dificuldades em se manter acordada ou piora nos sintomas, é fundamental procurar atendimento médico urgente”, orienta Thaís.
Se a criança perder a consciência após a queda ou apresentar vômitos e dificuldades motoras, a recomendação é levar imediatamente ao hospital para uma avaliação mais aprofundada.