Brasil será um dos pioneiros na implementação de estratégia combinada para combater o VSR e reduzir a mortalidade infantil por infecções respiratórias
O Ministério da Saúde anunciou a inclusão de duas novas tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de prevenir complicações graves causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), principal responsável por infecções respiratórias sérias em bebês. A inovação consiste na introdução de dois novos tratamentos: o anticorpo nirsevimabe, destinado à proteção de bebês prematuros e crianças até 2 anos com comorbidades, e uma vacina recombinante contra o VSR, administrada em gestantes para proteger seus bebês nos primeiros meses de vida. Com a nova abordagem, estima-se que a cobertura para bebês será 12 vezes maior do que a proteção oferecida pelos tratamentos atuais.
De acordo com estudos apresentados à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), a vacina para gestantes tem o potencial de evitar cerca de 28 mil internações anuais, proporcionando uma proteção imediata para os recém-nascidos. Já o anticorpo nirsevimabe, ao ser incorporado ao SUS, poderá beneficiar aproximadamente 310 mil bebês prematuros com até 36 semanas de gestação. Além disso, a vacina para gestantes beneficiará cerca de 2 milhões de bebês nascidos vivos a cada ano.
Até o momento, o palivizumabe era a única opção disponível no SUS para a prevenção do VSR, mas com uma indicação bastante restrita. Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a adoção dessas novas tecnologias representa um avanço considerável na proteção infantil. “Com a introdução dessas terapias, estamos dando um passo importante na redução das internações e na melhoria do cuidado com gestantes e bebês. Trata-se de um marco significativo na nossa política de imunização”, afirmou a ministra. A expectativa é de que as novas tecnologias estejam disponíveis no SUS a partir do segundo semestre de 2025.
Dados Epidemiológicos
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é responsável por infecções pulmonares e respiratórias, afetando principalmente bebês e crianças pequenas, embora possa atingir pessoas de qualquer faixa etária. Sua transmissão ocorre facilmente por meio de tosse, espirros ou pelo contato com superfícies contaminadas.
Apesar de muitos casos resultarem em sintomas leves semelhantes ao resfriado comum, o VSR pode levar a complicações graves que exigem hospitalização e suporte respiratório. Além disso, a infecção pode desencadear doenças respiratórias crônicas, como asma, na vida adulta.
Conforme dados do Boletim Infogripe, da Fiocruz, desde 2021, houve um aumento considerável na incidência de infecções respiratórias agudas graves (SRAG) provocadas pelo VSR, que atualmente se configura como a principal causa de internações e óbitos por doenças respiratórias nessa faixa etária, superando até mesmo a covid-19 e a influenza.
Alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A incorporação dessas novas tecnologias reflete um compromisso com a redução da mortalidade infantil e está em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, além de se alinhar com as metas do Plano Plurianual 2024-2027, que inclui a eliminação das mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos.