Estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que bebês que passam mais tempo brincando no chão tendem a começar a se locomover sozinhos mais cedo do que aqueles que ficam mais tempo no berço. A pesquisa traz novas evidências sobre a importância do contato com o solo para o desenvolvimento motor das crianças.
Em média, os bebês começam a andar entre os 10 e 15 meses de vida, um período em que o corpo passa por adaptações significativas. No entanto, os estímulos recebidos nesse estágio podem influenciar diretamente a capacidade de dar os primeiros passos. A pesquisa da USP acompanhou 45 bebês, divididos em três grupos: 19 bebês de 5 a 11 meses, 18 bebês de 9 a 13 meses e 8 bebês de 13 a 18 meses.
Inicialmente, o estudo seria presencial, mas devido à pandemia de Covid-19, a análise foi feita de forma remota. Durante seis meses, os pais enviaram vídeos a cada 15 dias, com registros de oito minutos, permitindo que os pesquisadores observassem o desenvolvimento motor dos bebês em seu ambiente cotidiano.
“Pudemos acompanhar o crescimento das crianças no seu contexto real, sem o uso de testes padronizados, o que representa um diferencial do nosso estudo”, afirmou uma das pesquisadoras envolvidas na análise.
Brincar no chão acelera o desenvolvimento motor
Os resultados mostraram que os bebês que brincavam no chão, especialmente a partir dos 5 meses, começaram a se locomover mais cedo do que os que passavam mais tempo no berço. Já os bebês que, aos 9 meses, ainda eram predominantemente colocados no berço, começaram a andar mais tarde.
Além disso, o estudo desmistificou a ideia de que existe uma sequência rígida no desenvolvimento motor. Alguns bebês começam a se arrastar antes de engatinhar, enquanto outros podem engatinhar diretamente ou passar por diferentes fases, como o engatinhar assimétrico antes de atingirem o andar com apoio.
Cuidados essenciais ao permitir o movimento no chão
Embora o brincar no chão seja benéfico, é fundamental garantir a segurança do ambiente. Móveis com pontas e superfícies fofas, como tapetes, devem ser evitados, pois não oferecem estabilidade suficiente para o bebê. A pesquisadora ainda alerta que bebês não devem usar meias ou sapatos, pois isso pode dificultar o contato dos pés com o solo, um fator importante no desenvolvimento motor.
Além disso, é importante que o bebê tenha espaço para se mover livremente. “Colocar o bebê fora do tapete ajuda a evitar que ele associe suas margens a uma limitação para o deslocamento”, recomenda a autora do estudo. Outro conselho é oferecer poucos brinquedos, estimulando o bebê a se mover para pegá-los.
O uso de andadores é desaconselhado
A pesquisa também alerta sobre o uso de andadores, equipamentos que são amplamente desaconselhados por diversas entidades médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Pediatria. Eles podem interferir no desenvolvimento da marcha e aumentar o risco de quedas e acidentes. Além disso, esses aparelhos comprometem o desenvolvimento psicomotor natural das crianças.
Respeite o ritmo de desenvolvimento do bebê
Embora muitos pais fiquem ansiosos para ver seus filhos dando os primeiros passos, é fundamental respeitar o ritmo de cada bebê. Fatores como prematuridade, peso abaixo ou acima do ideal podem influenciar o tempo necessário para que a criança comece a andar.
Os marcos do desenvolvimento indicam o que é esperado em cada fase. Por exemplo, aos 2 meses, os bebês começam a segurar o pescoço e sorrir; entre os 4 e 5 meses, começam a levar objetos à boca; aos 6 meses, começam a sentar; e ficam em pé entre 9 e 15 meses.
Durante as consultas pediátricas, é importante discutir qualquer dúvida ou observação sobre esses marcos. “Manter o calendário de consultas estabelecido pelo pediatra é essencial para garantir que qualquer possível problema seja identificado e tratado o quanto antes”, recomenda a especialista.
