Um novo estudo conduzido por pesquisadores norte-americanos traz avanços promissores na busca por tratamentos contra o Alzheimer. A descoberta envolve um composto derivado do ácido carnósico, substância encontrada em ervas como o alecrim e a sálvia, que demonstrou potencial neuroprotetor.
O grande desafio em utilizar o ácido carnósico em tratamentos médicos sempre foi sua instabilidade na forma pura. No entanto, cientistas desenvolveram um derivado sintético mais estável, denominado diAcCA, que apresentou resultados animadores em testes com camundongos.
Resultados Promissores
Publicado na revista científica Antioxidants, o estudo revelou que camundongos tratados com diAcCA apresentaram melhora na memória, aumento das conexões entre neurônios e redução da inflamação cerebral. Além disso, o composto favoreceu a eliminação de proteínas tóxicas associadas ao Alzheimer, como a beta-amiloide e a tau fosforilada.
Os pesquisadores observaram que os testes de memória realizados nos animais apontaram não apenas uma desaceleração da progressão da doença, mas também uma reversão dos danos, restaurando a função cognitiva a níveis próximos do normal.
A dificuldade inicial da equipe era garantir que o ácido carnósico chegasse ao cérebro de maneira eficaz. O estudo demonstrou que o diAcCA consegue ser absorvido mais facilmente pelo organismo e atinge níveis terapêuticos rapidamente, sendo convertido no ácido carnósico dentro do corpo. “A absorção foi cerca de 20% maior em comparação à forma pura da substância”, explicam os cientistas.
Em testes realizados ao longo de três meses, com administração do composto três vezes por semana, os pesquisadores identificaram uma melhora significativa na função cerebral, impulsionada pelo aumento do número de sinapses e pela redução do acúmulo de proteínas neurodegenerativas.
Novas Possibilidades de Tratamento
Apesar dos resultados animadores, os cientistas alertam que a pesquisa ainda se encontra em estágio inicial. Ensaios clínicos em humanos serão necessários para confirmar a eficácia do diAcCA e sua segurança no tratamento do Alzheimer.
Além da potencial aplicação na doença neurodegenerativa, os pesquisadores acreditam que as propriedades anti-inflamatórias do composto possam ser exploradas no tratamento de outras condições relacionadas à inflamação, como o diabetes tipo 2 e o Parkinson.
Os especialistas também sugerem que o diAcCA poderia ser utilizado como um complemento às terapias já existentes para o Alzheimer, aumentando sua eficácia e minimizando efeitos colaterais. “Essa abordagem pode potencializar o efeito dos anticorpos amiloides usados atualmente, tornando o tratamento mais seguro e eficiente”, destacam os pesquisadores.