A inteligência artificial (IA) tem mostrado um avanço notável em diversas áreas, e na medicina, seu potencial de transformação é ainda mais evidente. A tecnologia não só tem sido aplicada no diagnóstico e na análise de exames, mas também está emergindo como uma aliada importante na luta contra problemas complexos como a resistência bacteriana aos antibióticos. Embora ainda em fase inicial, um projeto inovador promete impactar diretamente a infectologia hospitalar.
Durante o X Congresso Internacional de Oncologia D’Or, realizado no Rio de Janeiro nos dias 4 e 5 de abril, o engenheiro de computação Antônio, da PUC-Rio, discutiu os avanços da IA no setor médico. Ele destacou que a IA tem contribuído para a precisão diagnóstica, personalização de tratamentos e otimização de recursos, com resultados já visíveis, principalmente em ferramentas de transcrição automática, robótica cirúrgica e monitoramento remoto de pacientes.
IA como aliada no diagnóstico e na personalização de tratamentos
De acordo com ele, um dos maiores avanços da IA na medicina tem sido na personalização das terapias. Embora ainda em desenvolvimento, essa aplicação tem mostrado resultados promissores. Além disso, a tecnologia tem sido fundamental na desospitalização e no cuidado de pessoas com doenças crônicas, um campo que tem atraído crescente investimento de startups. Ele ressaltou que as redes neurais profundas estão permitindo o surgimento de modelos mais sofisticados, que vão desde a geração de textos e imagens até interações por linguagem natural.
A IA no combate à resistência bacteriana
Uma das mais recentes inovações envolvendo a IA no setor de saúde é a sua aplicação na previsão da resistência bacteriana a antibióticos. Com isso, os médicos ganham uma poderosa ferramenta para otimizar diagnósticos, personalizar tratamentos e melhorar a gestão hospitalar. Durante o congresso, Daniel, chefe de IA, apresentou o projeto RESIST.IA, uma iniciativa em desenvolvimento que utiliza IA para ajudar na escolha dos antibióticos mais eficazes contra infecções bacterianas.
O RESIST.IA é uma ferramenta que analisa grandes volumes de dados hospitalares e gera respostas detalhadas sobre padrões de resistência de diferentes bactérias. Ferraz exemplificou com o caso da bactéria Proteus mirabilis, informando quais antibióticos não tiveram boa eficácia contra ela em 2023. Em outro teste, o sistema analisou dados de unidades de terapia intensiva em cidades como Recife, Aracaju e Salvador, produzindo gráficos sobre a resistência da Pseudomonas aeruginosa.
Precisão e apoio ao médico
Embora a IA seja uma poderosa ferramenta, Ferraz enfatizou que ela não substitui a decisão médica, mas sim complementa e melhora a precisão dos tratamentos. “A decisão final sempre cabe ao médico, e a IA serve como um apoio, fornecendo informações baseadas em dados”, afirmou.
Um dos principais desafios da implementação desse tipo de tecnologia é garantir a confiabilidade das respostas. Para isso, a Rede D’Or São Luiz realiza um processo contínuo de validação dos dados gerados pelo sistema, alimentando o modelo para melhorar sua precisão. A expectativa é que, com o tempo, o RESIST.IA se torne uma ferramenta ainda mais robusta, auxiliando na criação de diretrizes hospitalares para o tratamento da resistência bacteriana.
O futuro da IA na infectologia hospitalar
Embora o projeto esteja em seus estágios iniciais, o RESIST.IA já demonstra um grande potencial para transformar a maneira como a resistência bacteriana é tratada nos hospitais. “A IA está mudando a forma como lidamos com resistência bacteriana. O próximo passo é integrar essa tecnologia ao cotidiano dos médicos de maneira eficiente e segura”, concluiu Ferraz.
Esse avanço na tecnologia de IA, se bem implementado, pode ser uma ferramenta vital no enfrentamento de um dos maiores desafios da medicina moderna: a resistência a antibióticos. A inovação promete não só melhorar a precisão dos diagnósticos e tratamentos, mas também reduzir os erros humanos e otimizar a gestão hospitalar.
Fonte: Metrópoles