Para quem convive com a endometriose, a rotina pode se tornar um verdadeiro desafio. A doença, que afeta milhões de mulheres em idade fértil, provoca dores intensas, desconforto pélvico constante e ainda interfere no bem-estar emocional e na vida social.
Mas há boas notícias. Uma pesquisa recente da Universidade do Cairo, publicada no Journal of Physical Therapy Science, trouxe evidências animadoras: a prática regular de atividades físicas, especialmente alongamentos e exercícios posturais, pode ajudar a aliviar significativamente os sintomas da doença e melhorar a qualidade de vida das pacientes.
Segundo especialistas, isso acontece porque os exercícios estimulam a liberação de endorfinas, substâncias que atuam como analgésicos naturais. Além disso, melhorar a postura e alongar o corpo contribui para diminuir tensões musculares, aumentar a mobilidade e trazer mais conforto no dia a dia.
Corpo em movimento, mente mais leve
Outro benefício importante da atividade física é o impacto positivo na saúde mental. Sintomas como ansiedade e depressão são comuns entre mulheres com endometriose, e o movimento do corpo pode ajudar também nesse aspecto. Exercitar-se com regularidade promove o equilíbrio emocional e reduz a sensação de dor, graças à ação de neurotransmissores como a serotonina.
Exercício não substitui o tratamento médico
Apesar dos benefícios, os especialistas alertam: os exercícios físicos devem ser vistos como parte do tratamento, e não como uma alternativa isolada. A endometriose é uma doença complexa, caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, podendo afetar órgãos como ovários, bexiga e intestino.
O tratamento pode envolver medicações hormonais, que ajudam a controlar a produção de estrogênio, além de cirurgias minimamente invasivas para remoção das lesões, como a laparoscopia. O ideal é sempre seguir as orientações de um ginecologista e de outros profissionais da saúde.
Estudo mostra queda expressiva na dor
No estudo conduzido no Egito, 20 mulheres com endometriose leve a moderada, com idades entre 26 e 32 anos, participaram de sessões supervisionadas de exercícios três vezes por semana, durante dois meses. Ao final do período, a intensidade da dor relatada pelas participantes caiu de um nível 4 (muito intensa) para 1 (leve), além de melhorias na postura e na mobilidade da coluna.
Entre os efeitos observados, os pesquisadores destacam o aumento da circulação sanguínea, a redução da inflamação e o relaxamento muscular, além da melhora no humor proporcionada pela atividade física.
Movimentar-se com segurança: o segredo está no equilíbrio
A recomendação é que mulheres com endometriose pratiquem exercícios de forma regular — idealmente de 3 a 5 vezes por semana, por 30 a 60 minutos. Mas sempre com acompanhamento profissional, seja de fisioterapeutas ou educadores físicos com experiência em saúde da mulher.
“Cada organismo reage de forma diferente. O ideal é seguir um plano individualizado, com atividades adaptadas à realidade e aos limites de cada paciente”, orienta um dos especialistas.
Exercícios indicados para quem tem endometriose:
- Alongamentos suaves: ajudam a aliviar a tensão na região lombar e pélvica. Devem ser feitos com frequência e sem forçar demais;
- Respiração diafragmática: promove relaxamento e melhora a oxigenação. Basta inspirar pelo nariz, inflando o abdômen, e soltar o ar lentamente pela boca;
- Caminhadas leves: 30 minutos por dia já fazem diferença. O importante é manter a regularidade;
- Pilates clínico ou yoga terapêutica: ambos focam na consciência corporal, na respiração e na postura, com pouco impacto;
- Natação ou hidroginástica: excelentes para aliviar a dor, por oferecerem um ambiente de menor impacto para as articulações.
Por outro lado, atividades muito intensas, como treinos pesados ou sem orientação, devem ser evitadas. O excesso pode agravar os sintomas e causar inflamações. Escutar o corpo e respeitar os próprios limites é sempre o melhor caminho.