Durante visita à 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), nesta última quarta-feira (09/04), em Brasília, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou ativamente da campanha nacional de vacinação contra a gripe ao imunizar pessoalmente lideranças indígenas presentes no evento. Entre os vacinados estava o secretário de Saúde Indígena da pasta, Weibe Tapeba.
A campanha de vacinação contra a influenza começou oficialmente no último dia 7 de abril, com meta de imunizar mais de 1 milhão de indígenas em todo o Brasil. A estratégia considera as especificidades regionais — especialmente da região Norte, onde a campanha será realizada no segundo semestre devido às condições climáticas. No total, o Ministério da Saúde prevê a distribuição de 73,6 milhões de doses em 2025, sendo 67,6 milhões destinadas às demais regiões do país ainda no primeiro semestre e outras 5,9 milhões reservadas para o Norte.
Durante o evento, Padilha destacou o papel dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) na logística da vacinação. “Sabemos das dificuldades para chegar a todos os territórios, mas estamos prontos. A vacina salva vidas e precisamos da mobilização de cada território para proteger nossos povos”, afirmou o ministro. Ele também reforçou o compromisso do governo com a saúde indígena e a ampliação do acesso aos serviços nas áreas mais remotas do país.
“Estar aqui não é apenas um ato de governo, é um gesto de respeito e justiça para com os povos originários. Nosso compromisso é garantir atendimento digno, com foco na promoção da saúde e na prevenção de doenças”, declarou Padilha.
Cobertura vacinal entre indígenas ultrapassa média nacional
O esforço do Ministério da Saúde em ampliar a cobertura vacinal tem gerado resultados positivos. Em 2024, a cobertura vacinal entre os povos indígenas ultrapassou a média nacional, alcançando 86,6%. O destaque vai para as crianças entre 2 e 4 anos, com índice de 92,7%. Além da vacinação contra a gripe, o governo prepara novas ações para fortalecer ainda mais a imunização desse público.
Entre os dias 25 de abril e 24 de maio será realizado o Mês de Vacinação dos Povos Indígenas (MVPI), com ações intensificadas em territórios tradicionais de todas as regiões. Em 2024, a iniciativa contemplou 34 DSEIs, aplicando 67,7 mil doses de vacinas em mais de 50 mil pessoas.
Outra ação estratégica é a Operação Gota, promovida em parceria com os ministérios da Defesa e da Saúde, além da Força Aérea Brasileira (FAB). A operação leva vacinas a regiões de difícil acesso na Amazônia Legal, beneficiando indígenas, ribeirinhos, quilombolas e moradores de áreas rurais. Estão previstas 12 missões entre junho e novembro, com investimento federal de R$ 56,4 milhões.
Vigilância reforçada contra febre amarela
O monitoramento da febre amarela foi intensificado em áreas indígenas, especialmente em Roraima, onde estão localizados os DSEIs Yanomami e Leste de Roraima. Apesar de não haver casos confirmados da doença, a vigilância epidemiológica segue ativa. Até o momento, mais de 1,1 milhão de doses da vacina contra a febre amarela foram enviadas à região Norte.
ATL: o maior encontro de povos indígenas do Brasil
Realizado desde 2004, o Acampamento Terra Livre é a maior mobilização indígena do país. Nesta edição, o evento reúne entre 6 mil e 8 mil indígenas de mais de 200 povos, com atividades voltadas à defesa dos direitos e valorização da cultura indígena. Entre as conquistas históricas associadas ao ATL estão a criação da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e do Conselho Nacional da Política Indigenista (CNPI).
