Jogadores da Série A do Campeonato Brasileiro e da principal liga da Suécia demonstraram ter habilidades cognitivas e traços de personalidade superiores aos de pessoas da mesma faixa etária e nível educacional que não praticam futebol profissional. A constatação vem de um estudo publicado na revista científica PNAS, que avaliou 204 atletas entre 17 e 35 anos por meio de testes neuropsicológicos.
Os jogadores se destacaram em áreas como criatividade, flexibilidade mental, memória de curto prazo, atenção, planejamento, tomada de decisão e inibição de respostas impulsivas. Além disso, apresentaram traços de personalidade como maior extroversão, abertura a novas experiências e conscienciosidade — características ligadas à disciplina, ambição e autocontrole.
Em contraste, o grupo de controle pontuou mais em condescendência e neuroticismo, indicando maior tendência a emoções negativas e submissão a normas sociais.
O estudo também mostrou que essas habilidades estão diretamente associadas ao desempenho em campo. Atletas com maiores pontuações em abertura e conscienciosidade marcaram mais gols, e aqueles com melhor memória foram mais eficazes nos dribles. Um algoritmo treinado com base nos dados do estudo conseguiu identificar corretamente 97% dos jogadores de elite apenas a partir dos resultados cognitivos e de personalidade.
Um aspecto curioso observado foi a baixa condescendência dos atletas, indicando que eles tendem a questionar ordens e decisões, demonstrando autonomia e confiança — traços associados à chamada “inteligência de jogo”.
A pesquisa sugere que avaliações cognitivas e psicológicas podem ser incorporadas ao processo de seleção e desenvolvimento de atletas, contribuindo para estratégias mais precisas de treinamento. Os autores planejam expandir os estudos para as categorias de base, com o objetivo de entender como essas habilidades se desenvolvem e identificar talentos com maior potencial para alcançar o alto rendimento esportivo.
