A partir de agora, quem for comprar medicamentos como Ozempic, Wegovy ou Saxenda em farmácias precisará deixar a receita médica retida no estabelecimento. A decisão foi tomada nesta última quarta-feira (16/04), durante reunião da diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e segue uma recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM).
A medida tem como objetivo aumentar o controle sobre a prescrição e o uso desses medicamentos, amplamente buscados para fins estéticos, apesar de indicados, originalmente, para o tratamento de diabetes tipo 2 e, em alguns casos, obesidade.
Até então, bastava apresentar a receita para adquirir as chamadas “canetas emagrecedoras”. Com a nova norma, será preciso entregar o documento original à farmácia, prática já adotada para medicamentos sob controle especial.
Segundo a Anvisa, a decisão foi motivada por dados preocupantes: cerca de 32% dos efeitos adversos registrados no Brasil relacionados a esses remédios ocorrem em pacientes que não têm diabetes — público-alvo original previsto nas bulas.
A crescente procura pelo Ozempic e outros agonistas de GLP-1, especialmente por pessoas que buscam perder peso sem orientação médica adequada, tem gerado alertas entre profissionais da saúde. Em documento conjunto publicado no ano passado, três entidades médicas — a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) — reforçaram a necessidade de regulamentação mais rigorosa.
“As sociedades vêm observando um aumento na procura por agonistas de GLP-1 para fins estéticos, sem acompanhamento médico adequado. Este uso indiscriminado, impulsionado pela popularização desse grupo de medicamentos, gera preocupações quanto à saúde da população e ao acesso daqueles que realmente necessitam do tratamento”, alertam as entidades no documento.
Com a exigência da retenção da receita, a expectativa é dificultar o uso indevido dos medicamentos e garantir que o acesso fique restrito a quem realmente precisa — seguindo as indicações médicas e de bula.
