O Hospital São Marcos, referência no tratamento oncológico no Piauí, enfrenta uma grave crise financeira, com um atraso de 19 meses nos repasses contratuais por parte da Prefeitura de Teresina. A unidade, que atende majoritariamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), informou que, devido à falta de recursos, está sendo forçada a interromper parte dos atendimentos oncológicos, afetando diretamente mais de mil pacientes.
Em uma declaração pública, o hospital alertou que a falta de medicamentos e o impacto no financiamento comprometem a qualidade e a continuidade do tratamento, colocando em risco a saúde dos pacientes. Apesar do esforço da equipe médica, os tratamentos estão atrasados, o que agrava a situação de pacientes que necessitam de atendimento imediato.
“Não se trata de uma disputa política. Trata-se de uma questão de saúde pública e de preservação da vida. Estamos prontos para continuar atendendo, mas precisamos de condições mínimas para isso. Estamos abertos ao diálogo com a Prefeitura para encontrar uma solução urgente e responsável”, declarou o diretor técnico do hospital, Dr. Marcelo Martins.
Impactos nos atendimentos
Desde o início do ano, o Hospital São Marcos já realizou:
- Mais de 18 mil consultas em oncologia;
- 11 mil sessões de quimioterapia;
- 850 cirurgias de alta complexidade;
- Mais de 300 internações de crianças e 400 de adultos com câncer.
Repasse da Prefeitura: versão contraditória
A Fundação Municipal de Saúde (FMS), responsável pelos repasses, afirmou em nota que já transferiu um total de R$ 32 milhões ao Hospital São Marcos entre janeiro e abril de 2025. Segundo a FMS, os valores englobam custos com produção ambulatorial e hospitalar, FAEC (Fundo de Apoio à Educação e Cultura), complementação da Sesapi e o piso salarial da enfermagem, além de outros incentivos.
De acordo com a FMS, o hospital também recebe recursos do Governo Federal (R$ 2,5 milhões mensais), do Governo do Estado (R$ 900 mil mensais desde 2023), e uma renúncia fiscal municipal de aproximadamente R$ 700 mil mensais. Porém, a Fundação também revelou que o hospital possui uma dívida de R$ 31 milhões devido a empréstimos consignados, o que teria afetado a capacidade financeira do hospital e dificultado o cumprimento dos repasses.
A FMS anunciou que está considerando realizar uma auditoria financeira para investigar os problemas que levaram à crise, e que está trabalhando para garantir a continuidade dos atendimentos.
Próximos passos
Em resposta ao impasse financeiro, a FMS e a Prefeitura de Teresina já buscaram auxílio no Ministério da Saúde, com uma agenda em Brasília para discutir soluções. Charles Silveira, presidente da FMS, reafirmou o compromisso da Fundação com os pacientes e se comprometeu a buscar soluções para resolver a crise financeira do Hospital São Marcos e garantir que o atendimento não seja interrompido.
O Hospital São Marcos, por sua vez, continua reivindicando a regularização dos repasses e a resolução da dívida para evitar a paralisação dos tratamentos essenciais para os pacientes oncológicos da região.