Com mais de 36 milhões de brasileiros afetados pela hipertensão, medir a pressão arterial corretamente pode fazer toda a diferença para a saúde do coração — e especialistas explicam como fazer isso sem erros.
A hipertensão arterial é uma condição silenciosa que atinge cerca de um terço da população mundial e representa um dos principais fatores de risco para infartos, AVCs e doenças renais. No Brasil, milhões convivem com a pressão alta sem sequer saber, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta os riscos à saúde.
Por isso, aferir a pressão em casa é uma estratégia eficaz para monitoramento e prevenção. No entanto, o procedimento exige mais cuidados do que muitos imaginam.
O que é pressão alta e por que ela é perigosa?
A hipertensão acontece quando a força com que o sangue circula nos vasos é maior do que o ideal. Considera-se pressão elevada quando os valores ultrapassam 140/90 mmHg (ou 14 por 9). Embora sintomas como tontura, dor de cabeça e falta de ar possam ocorrer, na maioria dos casos, a doença é assintomática — e só é descoberta após alguma complicação.
Embora não tenha cura definitiva na maioria dos casos, a condição pode ser controlada com medicamentos e mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável, redução de sal, atividade física e controle do peso.
Como medir a pressão arterial corretamente em casa
De acordo com especialistas, a medição precisa seguir um protocolo rigoroso para ser confiável:
- Use um aparelho validado pelo Inmetro, preferencialmente de braço — os modelos de pulso são menos precisos;
- Sente-se em um ambiente calmo, com o braço apoiado na altura do coração;
- Espere pelo menos cinco minutos em repouso antes de iniciar a medição;
- Evite café, cigarro ou bebidas alcoólicas nos 30 minutos anteriores;
- Faça três medições com um ou dois minutos de intervalo entre elas, desconsiderando valores muito fora da média;
- Não meça com a bexiga cheia, nem logo após esforço físico ou momentos de estresse.
Erros simples, como manter o braço abaixo da linha do coração ou medir com o corpo tenso, podem alterar o resultado e levar a conclusões erradas.
Novas diretrizes apontam níveis ideais ainda mais baixos
As diretrizes europeias mais recentes, divulgadas em 2024, introduziram o conceito de pressão “ideal” ou “não elevada”, com valores abaixo de 120/70 mmHg. Pessoas dentro dessa faixa têm menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares e devem ser incentivadas a manter hábitos saudáveis para preservar esses níveis.
Mas é importante lembrar: medir a pressão em casa não substitui o acompanhamento médico. O diagnóstico da hipertensão envolve avaliação do risco cardiovascular como um todo — incluindo colesterol, histórico familiar, diabetes e estilo de vida. Em alguns casos, exames como ultrassom de carótidas ou escore de cálcio cardíaco são indicados para detectar lesões silenciosas.
“Se a pressão medida em casa estiver alterada ou se houver dúvidas sobre os valores, o ideal é procurar um cardiologista para avaliação completa. A prevenção ainda é a melhor estratégia para evitar complicações”, alertam os especialistas.