Nova diretriz antecipa rastreamento do diabetes tipo 2 para os 35 anos no Brasil

Reprodução: gMontage /pixabay

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) atualizou as diretrizes para diagnóstico e rastreamento do diabetes tipo 2 no país, e uma das principais mudanças chama atenção: agora, a triagem deve começar aos 35 anos, mesmo para pessoas que não apresentam sintomas. A medida foi publicada em março na revista científica Diabetology & Metabolic Syndrome e reflete o crescimento acelerado da doença, impulsionado pelo aumento de casos de sobrepeso, obesidade e sedentarismo na população.

De acordo com estimativas da própria SBD, cerca de 20 milhões de brasileiros convivem atualmente com a diabetes — número que representa aproximadamente 10% da população. O dado segue uma tendência global: o Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF) aponta que quase 600 milhões de adultos vivem com a condição no mundo.

Por que antecipar o rastreamento?

Antes, a triagem em adultos sem sintomas começava aos 45 anos. Agora, a nova recomendação é iniciar aos 35, independentemente da presença de fatores de risco. Para quem tem menos de 35, o rastreamento também é indicado caso a pessoa tenha sobrepeso ou obesidade associado a pelo menos um fator de risco, como histórico familiar da doença, hipertensão, colesterol HDL baixo, triglicerídeos elevados, sedentarismo, síndrome dos ovários policísticos ou histórico de diabetes gestacional.

Segundo especialistas envolvidos na elaboração das novas diretrizes, identificar alterações nos níveis de glicose mais cedo pode prevenir complicações cardiovasculares e metabólicas. “É comum que jovens já apresentem sinais de desregulação da glicemia, especialmente em contextos de obesidade e falta de atividade física. A detecção precoce permite agir antes que a doença avance”, afirma um dos especialistas da SBD.

Rastreamento em crianças e adolescentes

A diretriz também recomenda atenção redobrada para crianças e adolescentes. A triagem deve começar a partir dos 10 anos — ou antes, caso a puberdade se inicie mais cedo — nos casos em que houver sobrepeso ou obesidade associados a fatores de risco como histórico familiar, sedentarismo ou a mãe ter tido diabetes gestacional.

Exames laboratoriais e novidades no diagnóstico

Os exames de glicemia em jejum e hemoglobina glicada (A1c) seguem como padrão ouro para rastrear a doença. Se ambos estiverem alterados — glicemia acima de 126 mg/dl e A1c igual ou superior a 6,5% — o diagnóstico de diabetes pode ser confirmado sem necessidade de testes adicionais.

Entretanto, quando apenas um dos resultados estiver alterado, é preciso repetir os exames. Em casos de sintomas clássicos, como sede excessiva, vontade frequente de urinar e perda de peso inexplicável, uma glicemia casual acima de 200 mg/dl já basta para fechar o diagnóstico.

Entre as atualizações mais relevantes, está a modificação do protocolo do Teste de Tolerância à Glicose Oral (TTGO). Antes feito com uma segunda coleta duas horas após a ingestão de glicose, o exame agora também poderá ser realizado com uma nova coleta apenas uma hora após o consumo da solução com 75 g de glicose. Essa mudança visa facilitar o acesso ao exame e detectar precocemente casos de pré-diabetes, seguindo diretrizes da Federação Internacional de Diabetes.

“Essa versão simplificada do TTGO é mais prática e econômica, o que aumenta a viabilidade do exame em unidades de saúde e amplia o alcance do rastreamento. Estima-se que possa aumentar em até 40% a detecção precoce de alterações glicêmicas”, afirma um dos especialistas.

Risco silencioso e necessidade de prevenção

Mesmo antes do diagnóstico formal, quando os níveis de glicose estão apenas levemente elevados, já há maior risco de infarto, AVC e outras complicações cardiovasculares. Por isso, detectar essas alterações ainda no estágio inicial permite intervenções preventivas, como mudanças na dieta e adoção de atividade física regular.

A SBD também elaborou um fluxograma clínico que orienta profissionais de saúde sobre quando solicitar exames, quais métodos utilizar e como conduzir o rastreamento em diferentes perfis de pacientes. A proposta é padronizar o atendimento em todo o país, contribuindo para diagnósticos mais rápidos e precisos.

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