Uma nova pesquisa realizada pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, acende um alerta sobre o impacto da exposição ambiental a metais pesados na saúde cardiovascular. O estudo revelou que substâncias como cádmio, urânio, cobalto, tungstênio, cobre e zinco — comumente presentes em atividades industriais, fertilizantes e até na fumaça do cigarro — podem se acumular no organismo e contribuir para o endurecimento das artérias, aumentando significativamente o risco de doenças cardíacas.
“Nossas descobertas destacam a importância de considerar a exposição a metais como um fator de risco relevante para a aterosclerose e outras condições cardiovasculares”, afirmou Katlyn McGraw, pesquisadora de pós-doutorado e autora principal do estudo.
Análise com mais de 6 mil participantes
A pesquisa analisou dados de mais de 6.400 adultos norte-americanos de meia-idade e idosos, todos livres de doenças cardíacas no início do estudo, realizado entre 2000 e 2002. Os cientistas monitoraram os níveis urinários de seis metais ambientais, associados anteriormente a riscos cardíacos. Durante os dez anos de acompanhamento, os participantes foram avaliados quanto ao grau de calcificação arterial — um marcador-chave para aterosclerose.
Os resultados chamaram atenção: participantes com os maiores níveis de cádmio na urina apresentaram uma calcificação arterial 75% maior em comparação com os que tinham os menores níveis. Para tungstênio, urânio e cobalto, os aumentos foram de 45%, 39% e 47%, respectivamente. Já no caso do cobre e do zinco, metais essenciais ao organismo mas perigosos em excesso, os índices foram 33% e 57% maiores.
Exposição ambiental influencia resultados
O estudo também identificou variações geográficas na concentração desses metais. Cidades como Los Angeles, por exemplo, apresentaram níveis significativamente mais altos de tungstênio e urânio, além de aumentos consideráveis nos níveis de cádmio, cobalto e cobre entre os moradores.
Segundo McGraw, esses dados devem chamar a atenção de autoridades de saúde e formuladores de políticas ambientais. “É essencial que haja uma vigilância mais rigorosa sobre os locais de exposição e maior conscientização da população sobre os riscos”, afirma.
Metais e doenças cardiovasculares
O acúmulo desses metais no corpo parece acelerar a aterosclerose, processo em que placas de gordura e cálcio se acumulam nas paredes das artérias, provocando o enrijecimento dos vasos e comprometendo a circulação sanguínea. Essa condição pode evoluir para problemas graves como infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
A pesquisa reforça a necessidade de atenção não apenas aos fatores tradicionais de risco cardíaco — como alimentação, sedentarismo e hipertensão — mas também aos elementos ambientais, muitas vezes silenciosos, que podem ter impacto direto sobre a saúde do coração.