SUS amplia tratamento para Alzheimer em estágio grave com nova indicação de medicamento

Reprodução: Foto/MS

O Sistema Único de Saúde (SUS) deu um passo importante no cuidado com pessoas que vivem com Alzheimer em fase avançada. A partir desta quinta-feira (15/05), o Ministério da Saúde oficializou a ampliação do uso do medicamento donepezila para pacientes com formas graves da doença, por meio da portaria SECTICS/MS nº 20/2025.

Até então, a donepezila era oferecida exclusivamente para casos leves e moderados da condição. Com a nova diretriz, o medicamento poderá ser utilizado também por pacientes com Alzheimer avançado, isoladamente ou em combinação com a memantina, outro fármaco já presente na rede pública para esse estágio da doença.

A decisão foi tomada com base em evidências científicas e visa fortalecer a linha de cuidado contínuo às pessoas idosas, especialmente diante do envelhecimento crescente da população brasileira. De acordo com estimativas da pasta, cerca de 10 mil novos pacientes devem ser beneficiados logo no primeiro ano da ampliação.

“A incorporação da donepezila para casos mais graves reforça nosso compromisso com a inovação e com a dignidade no envelhecimento”, afirmou Fernanda De Negri, secretária da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde.

Medicamento ajuda a controlar sintomas e melhorar qualidade de vida

O Alzheimer é uma doença neurológica degenerativa e progressiva, que compromete gradualmente a memória, comportamento e autonomia do indivíduo. Apesar de não ter cura, o tratamento medicamentoso pode retardar a progressão da doença e aliviar sintomas como apatia, agitação e confusão mental, especialmente em fases mais avançadas.

Estudos analisados pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) apontam que a continuidade do uso da donepezila pode postergar a necessidade de internação prolongada e contribuir para o bem-estar do paciente.

Em 2023, mais de 58 mil brasileiros utilizaram a donepezila, muitos deles de forma combinada com outros medicamentos, segundo dados do Ministério da Saúde.

Rede pública oferece tratamento multidisciplinar

O cuidado com o Alzheimer no SUS não se limita à medicação. O tratamento é realizado de forma integrada, com atuação de equipes multiprofissionais em unidades especializadas, como os Centros de Referência em Neurologia e os serviços de alta complexidade em neurocirurgia.

Por meio do Programa Melhor em Casa, pacientes em estágios mais avançados também podem receber acompanhamento médico e suporte domiciliar, o que contribui para mais conforto e evita internações desnecessárias.

Entre janeiro e março de 2025, o SUS registrou mais de 7 milhões de atendimentos ambulatoriais relacionados à doença de Alzheimer em todo o Brasil. No mesmo período, houve 576 internações hospitalares por complicações ligadas à condição.

Além da donepezila, o sistema público também oferece os medicamentos memantina, rivastigmina e galantamina, conforme as diretrizes do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Doença de Alzheimer.

O documento ainda prevê um plano de tratamento individualizado e multidisciplinar, com inclusão de terapias não medicamentosas e suporte psicossocial a familiares e cuidadores — parte fundamental no enfrentamento da doença.

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