Sebastião Salgado, considerado um dos maiores nomes da fotografia mundial, faleceu nesta última sexta-feira (23/05), aos 81 anos. A morte foi confirmada pelo Instituto Terra, organização ambiental fundada por ele e sua esposa. O fotógrafo vivia em Paris e enfrentava há décadas as consequências de uma malária grave, contraída nos anos 1990.
A doença, que é causada por parasitas do gênero Plasmodium e transmitida pela picada do mosquito Anopheles, afetou profundamente a saúde de Salgado ao longo dos anos. Embora a malária tenha tratamento eficaz e cura, a infecção do fotógrafo não foi devidamente tratada na época, resultando em complicações duradouras.
Segundo especialistas, casos graves da doença podem deixar sequelas que afetam o sistema nervoso, rins, fígado e o sangue. No caso de Salgado, as consequências foram sentidas principalmente na forma de uma anemia severa, causada pela destruição de glóbulos vermelhos, o que compromete o transporte de oxigênio no organismo e impacta diretamente na qualidade de vida.
Durante entrevista concedida ao jornal The Guardian em 2024, o fotógrafo comentou sobre as limitações físicas impostas pela doença. “Meu corpo já não aguenta mais. Foram muitos anos trabalhando em lugares extremos. Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas”, disse, em tom de despedida.
No Brasil, a malária ainda é um desafio de saúde pública, especialmente na região amazônica. Apesar de o tratamento estar disponível gratuitamente pelo SUS, o diagnóstico precoce continua sendo essencial para evitar complicações graves.
Especialistas alertam que as sequelas da doença podem ser permanentes. Entre elas, estão convulsões, confusão mental, comprometimento cognitivo, distúrbios na fala, cegueira, danos hepáticos e renais, além da já mencionada anemia profunda.
A trajetória de Sebastião Salgado, marcada por uma vida dedicada a registrar a realidade humana com sensibilidade e profundidade, também servirá como alerta sobre os impactos de uma doença muitas vezes negligenciada — e sobre a importância do acesso oportuno ao tratamento adequado.
Reprodução: Metrópoles