Estudo aponta possível relação entre toxina bacteriana e câncer colorretal em jovens

Reprodução: Foto/Nature

Um estudo publicado na prestigiada revista Nature lança luz sobre uma possível explicação para o aumento de casos de câncer colorretal entre pessoas jovens: a exposição precoce a uma toxina produzida por bactérias intestinais. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, sugere que a colibactina, substância produzida por algumas cepas da bactéria Escherichia coli, pode estar associada a mutações genéticas que favorecem o desenvolvimento de tumores.

A investigação analisou 981 amostras de tecido tumoral de pacientes em 11 países — incluindo o Brasil — e observou um padrão específico de mutações nos casos de pacientes com menos de 40 anos. Esse conjunto de mutações é compatível com os danos causados pela colibactina. Curiosamente, os pesquisadores não encontraram a bactéria nos tumores analisados, o que levanta a hipótese de que a exposição à toxina possa ter ocorrido anos antes, talvez ainda na infância, sendo suficiente para desencadear alterações celulares mesmo após a eliminação da bactéria do organismo.

Apesar da descoberta, especialistas pedem cautela.

“Ainda é uma hipótese. Não há confirmação de que a bactéria seja a causa direta do câncer. O fato de não terem detectado a presença da E. coli nos tecidos atuais dos pacientes sugere que o efeito pode ser indireto ou ocorrer muito tempo antes”, explicou um pesquisador não envolvido no estudo.

Até o momento, não foram identificadas diferenças significativas entre os perfis moleculares dos tumores de jovens e idosos, o que indica que o mecanismo da doença é semelhante, independentemente da faixa etária. No entanto, o crescimento expressivo de casos entre os mais jovens tem preocupado a comunidade médica.

Detecção precoce é fundamental

De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce do câncer colorretal é essencial para o sucesso do tratamento. A investigação pode incluir exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos e de imagem, principalmente em pacientes com sintomas como:

  • Sangue nas fezes
  • Alterações no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre)
  • Dor ou desconforto abdominal
  • Sensação de inchaço persistente
  • Perda de peso sem causa aparente
  • Fraqueza e anemia

Mais casos entre os jovens

Tradicionalmente mais comum a partir dos 50 anos, o câncer colorretal tem mostrado um aumento preocupante entre adultos jovens. Dados da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) indicam que a incidência da doença praticamente dobrou nas últimas duas décadas entre pessoas com menos de 50 anos — muitas vezes sem fatores de risco aparentes.

O câncer colorretal é a segunda principal causa de mortes por câncer no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e ocupa o terceiro lugar em incidência no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma.

Estilo de vida influencia no risco

Entre os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da doença estão:

  • Alimentação pobre em fibras e rica em ultraprocessados
  • Sedentarismo
  • Obesidade
  • Tabagismo
  • Histórico familiar de câncer intestinal

Como a doença pode se desenvolver de forma silenciosa, a realização de exames preventivos, como a colonoscopia e o teste de sangue oculto nas fezes, é essencial, especialmente para pessoas com histórico familiar ou sintomas persistentes. A detecção e remoção precoce de pólipos intestinais, por exemplo, pode evitar o surgimento do tumor.

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