Uma nova pesquisa da Universidade de Harvard trouxe à tona descobertas promissoras sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). O estudo, publicado na revista Nature Neuroscience, analisou veteranos da Guerra do Vietnã que sofreram lesões cerebrais causadas por estilhaços e revelou uma possível ligação entre a localização dessas lesões e a menor incidência do transtorno.
Os dados mostraram que veteranos com danos cerebrais em áreas conectadas à amígdala cerebral — estrutura relacionada ao processamento do medo — apresentaram menos sintomas de TEPT. A descoberta reforça a hipótese de que essa região desempenha papel central no desenvolvimento do transtorno e, mais do que isso, sugere um novo alvo para tratamentos com neuroestimulação.
A equipe analisou 193 ex-combatentes com lesões causadas por estilhaços que penetraram no crânio e comparou seus casos com os de outros 180 veteranos que não sofreram lesões cerebrais. O mapeamento revelou uma correlação entre os danos em circuitos ligados à amígdala e uma menor taxa de TEPT.
Os pesquisadores também revisaram ensaios clínicos anteriores envolvendo técnicas como a estimulação magnética transcraniana (EMT), usada para tratar condições como depressão e dependência química. Em um dos casos, um paciente com TEPT grave, na Califórnia, recebeu tratamento experimental com EMT focada na mesma rede cerebral identificada no estudo. O resultado foi uma melhora significativa nos sintomas.
Embora esse tratamento ainda esteja em fase inicial e tenha sido testado em um único paciente, os cientistas consideram o resultado encorajador. Eles ressaltam, no entanto, que serão necessários ensaios clínicos mais amplos para validar a eficácia da abordagem e aprová-la como tratamento padrão.