Quando as temperaturas caem, é comum ver o corpo reagir com tremores, pele arrepiada e até dentes batendo. Mas você já reparou que cada pessoa parece sentir frio de um jeito? Enquanto alguns logo percebem o incômodo nas orelhas, outros sentem primeiro nas mãos. Segundo o especialista em medicina esportiva Joachim Latsch, da Faculdade de Esportes de Colônia, na Alemanha, essas diferenças têm explicação.
O segredo está nos sensores espalhados pela pele, responsáveis por detectar o frio. De acordo com Latsch, a quantidade e a distribuição desses sensores variam de pessoa para pessoa. “Algumas têm mais sensores nas orelhas, outras em outras partes do corpo. É como a numeração dos pés: cada um tem a sua”, afirma. E vale lembrar que esses sensores são exclusivos para o frio — eles não identificam o calor.
Corpo trabalha para manter temperatura estável
Independentemente do clima em que vivem, seja no calor do deserto ou no gelo da Groenlândia, os seres humanos mantêm uma temperatura corporal média em torno de 36,5°C, podendo haver pequenas variações. Segundo o especialista, temperaturas acima de 42°C ou abaixo de 30°C colocam a vida em risco. Quando o corpo percebe uma queda na temperatura, ele aciona mecanismos de defesa para evitar danos a órgãos vitais como o coração e o cérebro.
Por que a pele arrepia e os dentes batem?
O arrepio nada mais é do que um resquício da época em que tínhamos mais pelos. “Cada pelo está ligado a um músculo minúsculo. No frio, o músculo se contrai e faz o pelo se arrepiar, criando uma camada de ar que ajuda a conservar o calor”, explica Latsch. Quando há poucos pelos, a pele fica arrepiada da mesma forma, mas sem o benefício do isolamento.
Além disso, os tremores musculares e o bater dos dentes são reações automáticas para gerar calor. “Os músculos se movimentam para aquecer o corpo, e a mandíbula, por ser muito móvel e ter musculatura forte, começa a bater”, detalha o especialista.
Mulheres costumam sentir mais frio
Outro fator que influencia na sensação de frio é a massa muscular. Os homens têm, em média, 45% do corpo formado por músculos, enquanto nas mulheres esse índice gira em torno de 25%. Como os músculos são eficientes na produção de calor, essa diferença ajuda a explicar por que as mulheres costumam sentir mais frio. Além disso, o organismo feminino prioriza o aquecimento dos órgãos internos, o que seria essencial para proteger um possível feto.
Ao contrário do que muitos pensam, a gordura corporal não traz grande vantagem contra o frio. Segundo Latsch, a diferença entre alguém com mais gordura e uma pessoa magra é de apenas um ou dois graus. Por isso, a dica do especialista para quem sofre com o frio é: “Mexa-se. Engordar não é a solução. A movimentação ajuda o corpo a gerar calor”.
Fonte: Metrópoles