A reabilitação de quem sobrevive a um acidente vascular cerebral (AVC) vai muito além do cuidado físico. Um novo estudo chama atenção para um aspecto ainda pouco abordado, mas que faz toda a diferença na qualidade de vida: a saúde sexual.
Apesar de comum, as dificuldades na vida íntima após um AVC ainda são tratadas como tabu — tanto por pacientes quanto por profissionais de saúde. Alterações físicas, impacto emocional e mudanças na relação com o parceiro costumam afetar diretamente o desejo, o desempenho e a autoestima. E quando essa parte da recuperação é ignorada, o bem-estar do paciente pode ser comprometido.
A pesquisa destaca que a sexualidade deve ser encarada como parte essencial do processo de reabilitação. Entre as recomendações, está a inclusão de orientações específicas sobre saúde sexual nos programas de reabilitação neurológica, além do preparo dos profissionais para abordar o tema com sensibilidade e respeito à diversidade cultural e individual.
Outro ponto importante é a personalização do cuidado. O estudo sugere que materiais educativos, como guias e cartilhas adaptadas, sejam disponibilizados tanto para pacientes quanto para seus parceiros — ajudando a esclarecer dúvidas e reduzir inseguranças. Um exemplo é o kit de orientações proposto pela Associação Americana do Coração, pensado para facilitar esse diálogo.
O recado dos especialistas é direto: sexualidade é parte integral da vida e precisa ser respeitada mesmo (e principalmente) em momentos de fragilidade. Cabe aos profissionais abrir espaço para essa conversa, mas também é importante que pacientes e seus parceiros se sintam acolhidos e à vontade para falar sobre o assunto.