Um estudo recente realizado na Califórnia revelou que a fumaça dos incêndios florestais tem um impacto significativo não apenas na saúde física, mas também na saúde mental da população. A análise de mais de 86 mil atendimentos de emergência indicou que o aumento da poluição do ar — especialmente das partículas finas conhecidas como PM2.5 — está relacionado a um maior número de visitas aos prontos-socorros por questões como ansiedade, depressão, transtornos de humor e uso de substâncias psicoativas.
A pesquisa avaliou dados coletados entre julho e dezembro de 2020, um dos períodos mais críticos em termos de incêndios florestais no estado norte-americano. Segundo os pesquisadores, um acréscimo de 10 microgramas por metro cúbico (µg/m³) na concentração de partículas PM2.5 esteve associado a um aumento expressivo nos atendimentos por distúrbios mentais.
Os efeitos foram mais pronunciados entre grupos já vulneráveis: jovens, mulheres e pessoas negras ou hispânicas. Por exemplo, os atendimentos por transtornos do humor aumentaram 46% entre jovens expostos à poluição da fumaça, enquanto os casos de depressão cresceram 30% entre a população hispânica. Mulheres também apresentaram maior risco de buscar socorro por sintomas depressivos ou alterações de humor nos dias de pior qualidade do ar.
De acordo com os autores do estudo, os resultados reforçam a necessidade de ampliar o olhar sobre os impactos dos eventos climáticos extremos. A exposição à fumaça dos incêndios vai além dos problemas respiratórios — ela afeta diretamente o bem-estar psicológico e emocional das pessoas.
