Tecnologias vestíveis, como os smartwatches, podem se tornar ferramentas valiosas no acompanhamento do consumo de bebidas alcoólicas, segundo uma pesquisa conduzida pela Universidade de Bristol, no Reino Unido. O estudo integra o projeto AlcoWatch e foi publicado no periódico JMIR Formative Research.
Hoje, a forma mais utilizada para medir o quanto uma pessoa consome de álcool é baseada em autorrelatos por meio de diários digitais, como o método Timeline Followback (TLFB). O problema é que esse tipo de registro depende exclusivamente da memória do usuário — o que pode comprometer a precisão dos dados, já que muitos não lembram exatamente o que beberam dias antes.
Para testar uma alternativa mais precisa, 32 voluntários utilizaram smartwatches equipados com o aplicativo AlcoWatch por 12 semanas. Os relógios enviavam lembretes cinco vezes ao dia, perguntando se houve consumo de álcool nas duas horas anteriores, além de registrar onde a pessoa estava e com quem.
Os resultados foram promissores: os participantes demonstraram maior engajamento com o uso do smartwatch em comparação aos diários tradicionais, resultando em menos falhas de registro e mais confiabilidade nos dados. No entanto, o estudo observou menor adesão entre indivíduos de classes socioeconômicas mais baixas, o que pode representar um desafio para a implementação mais ampla da tecnologia.
Para os pesquisadores, os dados em tempo real captados pelos relógios podem ser uma peça-chave no desenvolvimento de estratégias mais eficazes de combate ao consumo abusivo de álcool. Intervenções personalizadas, baseadas em hábitos e comportamentos específicos, se tornam mais viáveis com esse tipo de monitoramento contínuo.
O estudo também recomenda que futuras pesquisas avaliem questões práticas, como o conforto no uso prolongado dos dispositivos, a duração da bateria e como tornar o engajamento mais inclusivo entre diferentes perfis sociais.