Um dos remédios naturais mais antigos da humanidade está retomando espaço na medicina moderna. O mel, conhecido por suas propriedades terapêuticas há milênios, tem demonstrado potencial promissor na cicatrização de feridas, especialmente em um contexto global marcado pela crescente resistência aos antibióticos.
É o que aponta uma revisão científica recente publicada na revista Advanced Therapeutics, conduzida por um pesquisador da Universidade de Montreal. O estudo analisou diversas evidências sobre o uso do mel medicinal, destacando seus efeitos antissépticos, anti-inflamatórios e até pró-inflamatórios, dependendo do estágio e do tipo da ferida.
Entre os diferentes tipos estudados, o mel de manuka — produzido por abelhas que coletam o néctar da árvore Leptospermum scoparium, nativa da Nova Zelândia e da Austrália — tem chamado mais atenção. Ele possui altos níveis de metilglioxal, um composto com forte ação antimicrobiana.
Ao contrário do mel comercial usado na alimentação, o mel medicinal passa por um rigoroso controle de qualidade: precisa ser orgânico, livre de contaminantes e esterilizado por radiação gama, para garantir segurança microbiológica sem comprometer suas propriedades curativas.
Atualmente, o mel já é utilizado em hospitais na forma de curativos ou pomadas, e mais de 20 produtos à base de mel estão aprovados para uso clínico nos Estados Unidos. Ele tem mostrado bons resultados no tratamento de úlceras diabéticas, escaras, queimaduras e feridas cirúrgicas, oferecendo uma alternativa viável e natural para o manejo de lesões de difícil cicatrização.
Apesar do avanço, os especialistas alertam que mais estudos clínicos padronizados são necessários, principalmente para definir dosagens, tipos específicos de mel e protocolos de aplicação. A próxima etapa da pesquisa inclui investigações no campo da medicina veterinária e o desenvolvimento de produtos bioinspirados, com formulações mais estáveis e eficazes.