O ritmo de crescimento da expectativa de vida humana — que dobrou em muitos países durante os séculos XIX e XX — está agora desacelerando significativamente, segundo nova pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.
Ao analisar dados de Hong Kong e de oito dos países com maior longevidade no mundo, além dos Estados Unidos (onde a expectativa de vida apresentou queda nos últimos anos), os pesquisadores constataram que desde 1990, o aumento médio da expectativa de vida ao nascer foi de apenas 6,5 anos. O número contrasta com o salto histórico proporcionado no século XX pelos avanços em saneamento, vacinação, antibióticos e outras medidas preventivas.
Limite biológico à vista
Os achados desafiam a visão de que a humanidade está em uma trajetória contínua de aumento da longevidade. Para os autores, os ganhos recentes refletem, em grande parte, intervenções médicas, e não uma extensão natural da vida humana.
“O tempo extra que muitos idosos vivem hoje é fruto direto dos avanços médicos. Mas os dados sugerem que podemos estar nos aproximando de um teto biológico para a longevidade”, afirmam os pesquisadores.
Eles destacam que, embora algumas pessoas possam superar os 100 anos, a expectativa média da população como um todo parece ter atingido um platô, especialmente nas nações mais desenvolvidas.
Queda nos EUA e fatores emergentes
Nos Estados Unidos, ao contrário do padrão global, a expectativa de vida diminuiu em certos períodos recentes — uma tendência atribuída a doenças crônicas, crise dos opioides, desigualdades sociais e impactos da pandemia de Covid-19.
Além disso, fatores como sedentarismo, alimentação ultraprocessada, estresse e poluição ambiental também têm sido apontados como obstáculos à manutenção de uma vida longa e saudável.