Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, sugere que danos ao tronco cerebral causados pela infecção por Covid-19 podem estar por trás de sintomas persistentes observados em pacientes com Covid longa. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira (02/07) e traz novas pistas sobre os efeitos neurológicos duradouros da doença.
Usando scanners de ressonância magnética de alta potência — especificamente aparelhos de 7 Tesla, mais sensíveis que os convencionais — os cientistas analisaram o cérebro de 30 pacientes que continuam a apresentar sintomas semanas após a infecção inicial. As imagens mostraram danos inflamatórios em regiões específicas do tronco cerebral, estrutura que conecta o cérebro à medula espinhal e regula funções vitais como respiração e ritmo cardíaco.
Ligação com sintomas físicos e psicológicos
Os pesquisadores identificaram alterações especialmente em áreas do tronco cerebral relacionadas ao controle da respiração, fadiga e ansiedade — sintomas comuns entre pacientes com Covid longa. Segundo os autores, essas alterações apareceram semanas após a hospitalização, sugerindo que a inflamação gerada pelo vírus persiste mesmo depois da fase aguda da infecção.
“O tronco cerebral é como uma caixa de junção entre a consciência e o corpo. Quando essa área é afetada, isso pode ter implicações profundas na forma como nos sentimos e funcionamos”, explicam os cientistas no relatório.
Novas perspectivas para diagnóstico e tratamento
A descoberta pode ser crucial para o desenvolvimento de terapias específicas para a Covid longa, um conjunto de sintomas que inclui fadiga crônica, dor muscular, dificuldade respiratória e transtornos cognitivos — e que ainda carece de um tratamento eficaz.