Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), divulgado nesta sexta-feira (27/06), revela desigualdades no consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil. Em Florianópolis (SC), esses produtos representam quase 30% da dieta calórica da população. Já em cidades do interior do Piauí, como Aroeiras do Itaim, o índice é de apenas 5,7%.
A pesquisa, publicada na Revista de Saúde Pública, estimou o consumo de ultraprocessados nos 5.570 municípios brasileiros, cruzando dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017–2018) com o Censo de 2010.
A média nacional está em torno de 20% das calorias diárias, mas as variações são significativas entre regiões. Capitais como Porto Alegre (26,6%), Curitiba (26,3%), São Paulo (25,5%) e Brasília (22,6%) estão entre as que mais consomem. No Nordeste e no Norte, os percentuais são consideravelmente menores.
O que são ultraprocessados?
Alimentos ultraprocessados são produtos altamente industrializados, como refrigerantes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, bolos prontos, nuggets e embutidos. Eles contêm grandes quantidades de açúcares, gorduras, sódio e aditivos químicos, com pouco ou nenhum valor nutricional.
O consumo frequente está associado a doenças como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardíacos e até risco de morte precoce.
Renda e alimentação
Segundo os pesquisadores, o nível de renda é o principal fator que influencia o consumo desses alimentos. Em municípios com mais famílias recebendo acima de cinco salários mínimos, os ultraprocessados são mais presentes na dieta. Já em regiões de menor poder aquisitivo, a base alimentar ainda inclui arroz, feijão, farinha e carne, embora nem sempre haja acesso a frutas e vegetais.
Impacto na saúde e no meio ambiente
Além dos riscos à saúde, a produção em larga escala desses produtos também causa impactos ambientais, como uso excessivo de embalagens, degradação do solo e redução da biodiversidade.
Por isso, o Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, legumes, cereais, ovos e carnes frescas.
Políticas públicas
Os autores do estudo esperam que os dados auxiliem na criação de políticas públicas voltadas à promoção da alimentação saudável, com foco especial nos municípios onde o consumo de ultraprocessados é mais elevado.
“As estimativas municipais podem apoiar o monitoramento contínuo e fortalecer estratégias de prevenção às doenças crônicas associadas à má alimentação”, conclui o estudo.