Um exame de sangue simples pode ajudar a antecipar quais pacientes com câncer de próstata metastático têm mais chances de responder ao tratamento e viver por mais tempo. A descoberta foi feita em um ensaio clínico de fase 3 conduzido pela SWOG Cancer Research Network, nos Estados Unidos, e envolveu 503 homens com câncer de próstata avançado.
O estudo utilizou o exame CellSearch, já disponível em laboratórios especializados, para contar células tumorais circulantes (CTCs) — células cancerígenas raras que se desprendem do tumor e caem na corrente sanguínea.
CTCs indicam risco aumentado
Os resultados mostraram que a quantidade de CTCs no sangue está diretamente associada ao prognóstico do paciente. Aqueles com cinco ou mais CTCs na amostra apresentaram os piores desfechos:
- Mais de três vezes mais chances de morrer durante o período do estudo
- Quase 2,5 vezes mais risco de progressão do câncer
- Menor resposta ao tratamento padrão, incluindo queda no nível de PSA (antígeno prostático específico)
O tempo médio de vida após o exame também variou significativamente conforme a quantidade de CTCs:
- 78 meses para pacientes sem CTCs
- 56,2 meses para quem apresentou entre 1 e 4 CTCs
- 27,9 meses para aqueles com 5 ou mais CTCs
Nova ferramenta para personalizar tratamentos
Os autores do estudo destacam que esse tipo de teste pode ser decisivo para personalizar o tratamento de homens com câncer de próstata metastático. Pacientes com alto número de CTCs poderiam, por exemplo, ser encaminhados para terapias mais intensivas ou participação em ensaios clínicos com novos medicamentos.
“O exame permite identificar, já no início do tratamento, quais pacientes têm menor chance de resposta às terapias convencionais. Isso oferece uma oportunidade de intervir mais cedo com estratégias alternativas”, explicam os pesquisadores.
Próximos passos
A expectativa é que o uso clínico da contagem de CTCs seja cada vez mais incorporado na oncologia, especialmente para guiar decisões em casos de câncer avançado. Embora já utilizado em alguns centros, os especialistas defendem mais estudos e a ampliação do acesso ao teste no sistema de saúde.