Uma pesquisa recente realizada pelo centro de estudos de Oxford revelou que fatores ambientais e comportamentais são mais determinantes para o envelhecimento precoce e a mortalidade do que a genética. O estudo, publicado nesta quarta-feira (19/02), analisou dados de mais de 400 mil participantes e identificou 28 fatores que aceleram o envelhecimento biológico. Desses, 25 estão relacionados ao estilo de vida e ao contexto socioeconômico, evidenciando que o ambiente exerce uma influência maior do que a predisposição genética.
Entre os principais fatores, o tabagismo, o nível socioeconômico e a frequência de atividades físicas foram os mais impactantes. A pesquisa analisou também 22 doenças que causaram as maiores taxas de mortalidade entre os participantes, incluindo condições como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), obesidade, diabetes e vários tipos de câncer, como os de mama, próstata, pulmão, pâncreas e intestino.
O tabagismo foi identificado como um fator de risco em 21 das doenças observadas, enquanto a baixa renda e o desemprego foram associados a 19 enfermidades. Já a prática regular de atividades físicas teve impacto direto em 17 das condições mais comuns que resultam no envelhecimento precoce e morte prematura.
Intervenções para Prevenir o Envelhecimento Precoce
A médica Cornelia, principal autora do estudo, afirmou que as descobertas destacam a importância de políticas públicas para a melhoria das condições de vida. Segundo ela, a redução do tabagismo, a promoção de uma vida mais ativa fisicamente e a melhora das condições socioeconômicas são estratégias cruciais para mitigar os riscos de doenças crônicas.
“Embora a genética desempenhe um papel em algumas condições, como doenças neurológicas e certos tipos de câncer, nossas descobertas indicam que há diversas oportunidades para reduzir os riscos de doenças crônicas que afetam órgãos vitais como pulmões, coração e fígado, responsáveis pelas principais causas de incapacidade e morte prematura em todo o mundo”, declarou.
Fatores que Contribuem para o Aceleramento do Envelhecimento
O estudo revelou uma série de fatores diretamente ligados ao envelhecimento biológico, entre os quais se destacam:
- Ser fumante
- Baixo poder aquisitivo
- Falta de moradia própria
- Sedentarismo
- Ausência de exercícios de hipertrofia
- Ser filho de mãe fumante
- Falta de educação formal
- Sensação frequente de exaustão
- Desemprego
- Dormir mais de 9 horas por dia
- Enfrentar dificuldades econômicas nos últimos anos
- Ausência de relacionamentos românticos
- Sobrepeso desde a infância
- Viver em imóvel alugado
- Falta de motivação ou entusiasmo com a vida
- Dormir menos de 7 horas por dia
Além disso, a pesquisa revelou que experiências na infância, como o peso na pré-adolescência e o tabagismo materno, podem ter um impacto significativo no envelhecimento na vida adulta.
“As condições nos primeiros anos de vida têm um impacto notável no envelhecimento. Elas não só evidenciam como fatores ambientais podem acelerar o envelhecimento desde a infância, como também mostram um grande potencial para prevenir doenças e mortes precoces”, destacou Cornelia.
Desigualdade no Impacto sobre a Saúde
O médico Bryan, coautor do estudo, enfatizou que as desigualdades relacionadas a esses fatores são evidentes. “A renda, o local onde se mora e o histórico pessoal não deveriam ser determinantes para as chances de uma vida longa e saudável. Precisamos de ações mais robustas do governo para eliminar as barreiras à saúde que muitas pessoas enfrentam”, afirmou.
Limitações do Estudo e Perspectivas Futuras
Apesar das valiosas contribuições, o estudo possui limitações. A principal autora, Cornelia, apontou a falta de uma análise detalhada sobre os hábitos alimentares e deficiências físicas e mentais dos participantes como um ponto a ser explorado em futuras investigações.