Pesquisadores descobriram uma tática inédita usada pelo citomegalovírus (CMV) para infectar células humanas. A revelação, publicada na revista Nature Microbiology, pode abrir caminho para novos medicamentos e vacinas contra o vírus, que pode causar malformações em bebês durante a gestação e complicações graves em pessoas com imunidade baixa.
O que é o citomegalovírus?
O CMV faz parte da família dos herpesvírus e está presente em grande parte da população mundial. A transmissão ocorre por meio do contato com secreções corporais, como urina, fezes, saliva, sêmen e secreção vaginal.
Na maioria dos casos, a infecção é assintomática ou provoca apenas sintomas leves, como febre, dor de garganta e mal-estar. No entanto, o vírus pode ser perigoso para grávidas, podendo afetar o feto, e para pessoas imunossuprimidas, causando pneumonia, encefalite ou até cegueira.
A “porta secreta” do vírus
O novo estudo revelou que o CMV usa uma tática diferenciada para invadir células dos vasos sanguíneos sem ser detectado pelo sistema imunológico. Enquanto outros herpesvírus usam um par de proteínas (gH-gL) para entrar nas células, o CMV substitui uma dessas proteínas por UL116, formando um trio inédito com as proteínas UL116 e UL141, batizado de GATE.
Esse complexo de proteínas funciona como uma “porta lateral”, permitindo que o vírus entre nas células e escape da resposta imune, o que pode explicar por que o vírus persiste no corpo por toda a vida e por que esforços anteriores de vacina falharam.
“Essa peça que faltava no quebra-cabeça ajuda a explicar por que ainda não conseguimos uma vacina eficaz contra o CMV”, explicou um dos autores do estudo.
Esperança para vacinas e tratamentos
A descoberta do complexo GATE oferece um alvo promissor para futuros antivirais ou vacinas, especialmente voltadas para gestantes e pessoas com o sistema imune comprometido.
“Se conseguirmos bloquear esse mecanismo de entrada, podemos prevenir ou reduzir os danos que o CMV causa em populações vulneráveis”, completou o pesquisador.