Beijar um bebê recém-nascido pode parecer um gesto de afeto inofensivo, mas especialistas alertam: essa demonstração de carinho pode colocar a saúde do pequeno em risco — especialmente nos primeiros meses de vida, quando o sistema imunológico ainda é imaturo e mais vulnerável a infecções.
Segundo especialistas, até o quarto mês, os mecanismos de defesa do bebê ainda estão em desenvolvimento. Isso os torna menos capazes de combater vírus, bactérias e outros patógenos comuns transmitidos pela saliva ou pelo contato direto. Mesmo adultos aparentemente saudáveis podem estar incubando doenças e, sem saber, passarem infecções por meio de um simples beijo.
Um dos exemplos mais perigosos é o vírus do herpes simples. Ele pode ser transmitido mesmo na ausência de feridas visíveis e causar complicações graves, como o herpes ocular — infecção que, em casos extremos, pode levar à cegueira.
Além disso, doenças respiratórias, como a gripe (influenza), são altamente transmissíveis, podendo contaminar mesmo antes dos primeiros sintomas aparecerem. Em ambientes fechados, apenas a presença de uma pessoa gripada já pode ser suficiente para expor o bebê ao vírus.
E os pais, podem beijar?
O carinho dos pais e cuidadores é essencial para o vínculo emocional e o desenvolvimento saudável da criança. Mas a recomendação é redobrar os cuidados em caso de sintomas respiratórios ou suspeita de infecção: usar máscara, manter as mãos limpas e evitar o contato direto com o rosto e as mãos do bebê — regiões que ele frequentemente leva à boca.
A pediatra consultada pela reportagem explica: “Se estou com uma infecção respiratória, só de dividir o mesmo ambiente já posso estar expondo o bebê.”
Visitas devem ser repensadas
Quando o recém-nascido recebe visitas, a situação exige ainda mais cautela. Familiares e amigos, mesmo bem-intencionados, podem acabar priorizando seu desejo de demonstrar afeto em vez do bem-estar do bebê. “Beijar ou pegar no colo deve ser uma decisão centrada no que é melhor para a criança, não para o visitante”, afirma a especialista.
Outro foco importante de atenção são os irmãos mais velhos e a entrada precoce na creche. “O irmão mais velho é um clássico: o bebê já nasce em meio a vírus e bactérias que circulam em casa. É quase inevitável”, comenta.
Vacinas ajudam, mas não garantem proteção imediata
Embora o recém-nascido comece a ser vacinado logo nos primeiros dias de vida, a imunização só oferece proteção mais sólida após o segundo ciclo de vacinas — por volta do quarto mês. Até lá, a proteção contra infecções ainda é limitada.