Um levantamento preocupante do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revela que 222 pessoas em todo o país sofreram complicações graves, incluindo a perda da visão, em decorrência de problemas ocorridos durante mutirões de saúde. Esses eventos, muitas vezes organizados para acelerar o acesso a procedimentos cirúrgicos e reduzir filas de espera, acendem um sinal de alerta sobre a segurança e a qualidade dos atendimentos prestados.
Os mutirões de saúde são iniciativas que visam ampliar o acesso da população a determinados tratamentos, sendo comuns na área oftalmológica, especialmente para cirurgias de catarata – um procedimento que pode restaurar a visão de muitos pacientes. No entanto, os dados apontam para a necessidade de um controle mais rigoroso sobre as condições em que esses atendimentos em massa são realizados.
Um dos casos que vieram à tona e exemplifica a gravidade da situação está sob investigação no interior de São Paulo. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias em que 12 pacientes perderam a visão após complicações decorrentes de um mutirão de cirurgia de catarata realizado na cidade de Taquaritinga. Este incidente específico destaca os riscos envolvidos quando os padrões de segurança e qualidade podem não ser integralmente cumpridos.
As informações divulgadas pelo CBO e os casos como o de Taquaritinga levantam questionamentos importantes sobre a fiscalização, a infraestrutura disponível, a qualificação das equipes e os protocolos seguidos durante os mutirões de saúde. A garantia da segurança do paciente deve ser a prioridade máxima em qualquer iniciativa de atendimento, seja ela emergencial, rotineira ou em campanhas de grande escala.