A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova indicação para o medicamento Mounjaro, que agora poderá ser utilizado como auxiliar no tratamento da obesidade e do sobrepeso. Até então, o fármaco era liberado no Brasil apenas para o controle do diabetes tipo 2.
Fabricado pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, o Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida e se junta a outras chamadas “canetas emagrecedoras” já conhecidas no país, como Ozempic, Wegovy (ambos à base de semaglutida) e Saxenda (liraglutida).
Com a nova liberação, o medicamento poderá ser prescrito para adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m² — o que caracteriza obesidade — ou acima de 27 kg/m², desde que associado a pelo menos uma comorbidade, como hipertensão, dislipidemia ou apneia do sono. A decisão amplia as opções terapêuticas para o controle do excesso de peso, especialmente em pacientes que enfrentam dificuldades com métodos convencionais.
Segundo o endocrinologista Alexandre Hohl, diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a aprovação representa um avanço importante. “A tirzepatida é inovadora, pois atua com um duplo mecanismo hormonal — GLP-1 e GIP —, ao contrário dos fármacos anteriores, que ativam apenas o GLP-1. Isso amplia a eficácia e oferece mais alternativas para os pacientes”, explica.
Preço e limitações
Apesar da promessa de eficácia, o custo do tratamento ainda é um obstáculo para grande parte da população. O Mounjaro começou a ser comercializado neste mês, com preços que variam entre R$ 1,4 mil e R$ 2,3 mil por mês, de acordo com a dose prescrita. Outros medicamentos da mesma categoria custam entre R$ 600 e R$ 1 mil mensais.
O diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Fábio Moura, alerta que o uso do medicamento deve estar associado a mudanças no estilo de vida. “É essencial manter uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas. O remédio ajuda, mas não faz tudo sozinho”, afirma. Ele também destaca que, apesar dos benefícios observados, as canetas injetáveis podem causar efeitos colaterais, principalmente gastrointestinais. Além disso, o uso não é recomendado para gestantes ou mulheres em fase de amamentação, já que não há estudos conclusivos nesses grupos.
Fonte: Agência Brasil