Mais uma falha grave na manipulação de embriões colocou a Monash IVF, uma das principais redes de fertilização in vitro da Austrália, no centro de um novo escândalo. A clínica confirmou nesta última terça-feira (10/06) que realizou a transferência do embrião errado durante o tratamento de uma paciente — o segundo erro desse tipo registrado na instituição em menos de 90 dias.
Desta vez, o embrião utilizado pertencia à própria paciente, quando o previsto em seu plano era a utilização do material genético de sua parceira. A Monash IVF pediu desculpas públicas ao casal afetado e informou estar oferecendo suporte contínuo aos envolvidos.
Segundo especialistas, incidentes desse tipo são extremamente raros, a ponto de não haver uma estimativa estatística confiável sobre sua frequência. Ainda assim, as consequências podem ser profundas, tanto emocionalmente para os pacientes quanto legalmente para a instituição.
O governo do estado de Victoria, onde o episódio ocorreu, já iniciou uma investigação formal. A secretária estadual de Saúde classificou o incidente como “inaceitável” e prometeu rigor na apuração dos fatos.
Na fertilização in vitro (FIV), a fecundação é feita em laboratório. Óvulos e espermatozóides são selecionados manualmente, e o embrião resultante é implantado no útero da paciente. O processo exige extremo controle e precisão para evitar qualquer falha.
Para o médico curitibano Alessandro Schuffner, especialista em medicina reprodutiva, casos como este são raríssimos e revelam falhas sérias no protocolo de segurança. “Toda a técnica da FIV se baseia na escolha criteriosa e individualizada de óvulos e espermatozoides. O objetivo é justamente minimizar a manipulação humana e proteger a integridade do processo. Quando um erro assim acontece, ele abala a confiança em todo o sistema”, explicou o médico.
A situação traz à tona lembranças de um episódio semelhante revelado em abril, quando uma paciente em Queensland deu à luz uma criança gerada a partir do embrião de outra mulher. Na ocasião, a clínica atribuiu o erro a uma falha humana.
O novo caso reacende o debate sobre a regulação e fiscalização das clínicas de reprodução assistida na Austrália. Autoridades avaliam a possibilidade de mudanças mais rígidas nas normas de controle e rastreamento de embriões para evitar que situações semelhantes voltem a ocorrer.