Durante a 78ª Assembleia Mundial da Saúde, que acontece até o dia (27/05) em Genebra, na Suíça, o Brasil assumiu papel de destaque ao apresentar oficialmente o Plano de Ação de Belém para a Adaptação do Setor Saúde às Mudanças Climáticas. A proposta, construída com base em evidências científicas, será debatida ao longo de 2025, com a expectativa de ser formalmente adotada durante a COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém (PA).
A iniciativa busca integrar de forma mais sólida as agendas de saúde e clima, com foco na construção de sistemas de saúde mais resilientes, sustentáveis e justos diante dos impactos climáticos crescentes. A apresentação foi conduzida nesta segunda-feira (19) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que destacou a urgência da mobilização global:
“A inação seria irresponsável. Os efeitos das mudanças climáticas já são realidade, e os mais pobres são os que mais sofrem. O Brasil, como anfitrião da próxima COP, tem a responsabilidade de liderar esse processo”, afirmou.
Três eixos estratégicos e mutirão global pela adaptação
O plano brasileiro estrutura-se em três linhas principais:
- Reforço de estoques estratégicos de suprimentos, vacinas e medicamentos
- Mapeamento de riscos climáticos e vulnerabilidades à saúde
- Fortalecimento da vigilância em saúde com foco em variáveis climáticas
Durante o evento, o ministro Padilha também convidou os países a participarem de um mutirão global voltado à adaptação dos sistemas de saúde, com atenção especial às populações mais vulneráveis e aos países em desenvolvimento.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, também participou do painel, detalhando os eixos do plano. Segundo ela, a proposta será uma ferramenta concreta para orientar políticas públicas e atrair investimentos:
“Ter um plano baseado em ciência facilita o acompanhamento e a busca por financiamento. É uma estratégia que amplia o leque de ações possíveis para enfrentar os desafios climáticos na saúde”, explicou.
O documento foi elaborado com contribuições da sociedade civil, comunidade científica, Estados-membros da OMS e organismos internacionais. Ele também norteará os debates da Conferência Global de Clima e Saúde, marcada para julho, em Brasília — evento preparatório para a COP30.
Brasil articula coalizão internacional rumo à COP30
Com o título “Avançando as Discussões sobre Saúde e Clima Rumo à COP30: Um Diálogo com a Coalizão de Continuidade de Baku”, o encontro reuniu representantes de países que sediaram ou sediarão as Conferências do Clima, como Reino Unido, Egito, Emirados Árabes, Azerbaijão e Brasil. O objetivo da coalizão é garantir coerência e continuidade nas políticas climáticas entre diferentes edições da COP.
Na ocasião, Padilha reforçou o compromisso do Brasil com instituições como a OMS, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a Aliança para Ação Transformadora em Clima e Saúde (ATACH) e a própria Coalizão de Continuidade das Presidências da COP.
“Vamos trabalhar juntos para consolidar a saúde como elemento central da agenda climática global”, finalizou o ministro.
Brasil apoia Acordo de Pandemias e é premiado por controle do tabagismo
Além do protagonismo climático, o Brasil também defendeu, durante a assembleia, a aprovação do Acordo de Pandemias, tratado global proposto para garantir respostas mais equitativas e coordenadas em futuras emergências sanitárias. A votação está prevista para esta terça-feira (20). O país participou ativamente das negociações, com destaque para o embaixador Tovar da Silva Nunes, vice-presidente do grupo de negociação e representante permanente do Brasil em Genebra.
Na abertura da 78ª AMS, o país também foi reconhecido pela OPAS/OMS por seus avanços no controle do tabagismo. O prêmio foi concedido aos ministérios da Saúde e da Fazenda, em especial pelo destaque da tributação de produtos nocivos à saúde, como o tabaco, na reforma tributária em andamento.
