Brasil quer liderar produção de vacinas e medicamentos no Mercosul

Reprodução: Foto/MS

Durante encontro com ministros da Saúde dos países do Mercosul, realizado em Buenos Aires na última sexta-feira (13/06), o Brasil defendeu a necessidade de reforçar a produção regional de vacinas, medicamentos e tecnologias em saúde. A reunião marcou a 56ª edição do encontro de autoridades sanitárias do bloco, que discutiu estratégias para ampliar o acesso a tecnologias médicas e fortalecer os sistemas públicos de saúde.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, representou o país e destacou o papel da integração regional como caminho para enfrentar crises sanitárias, ampliar a equidade no acesso à saúde e consolidar a segurança sanitária dos países sul-americanos. Segundo ele, “o governo do presidente Lula está comprometido em liderar essa agenda, com foco na cooperação internacional e no preparo conjunto frente aos desafios sanitários atuais e futuros”.

Em julho, o Brasil assume oficialmente a presidência temporária do Mercosul, e com isso, também passa a comandar a pauta da saúde no bloco. Entre as prioridades estão o fortalecimento da produção local de insumos estratégicos, acordos de transferência de tecnologia e avanço nas negociações com a União Europeia.

Produção local em destaque

Padilha também lembrou que o Brasil está à frente da Coalizão do G20 para a Produção Local, iniciativa internacional que busca garantir mais autonomia para os países no acesso a medicamentos e vacinas. A proposta brasileira passa por investimentos em inovação, acordos de cooperação tecnológica e ampliação da capacidade produtiva da região.

Ainda em Buenos Aires, o Brasil assumiu a presidência da área de saúde no Mercosul com o compromisso de liderar iniciativas que fortaleçam a vigilância sanitária e os programas de vacinação, além de apoiar a implementação das diretrizes do Acordo de Pandemias da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Acordos multilaterais e prioridades regionais

Durante o encontro, os ministros assinaram uma declaração conjunta e formalizaram quatro compromissos multilaterais. Entre os pontos acordados, estão:

  • A inclusão da sífilis, especialmente a congênita, como tema prioritário na agenda regional;
  • Diretrizes para prevenir a obesidade e o uso excessivo de telas, especialmente entre jovens;
  • Fomento à digitalização da saúde como forma de melhorar o acesso e a eficiência dos sistemas;
  • Compromissos com a sustentabilidade financeira dos sistemas públicos de saúde e métodos técnicos para solucionar impasses.

Saúde sexual, vacinação e doenças crônicas

O Brasil também reiterou seu apoio a políticas de promoção da saúde sexual e reprodutiva, com foco em grupos vulneráveis. A construção de estratégias comuns para combater doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão, também foi defendida, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Padilha destacou a importância de os países estarem preparados para lidar com surtos como os de dengue, febre amarela e sarampo, e reforçou a necessidade de campanhas regionais de vacinação e ações coordenadas em áreas de fronteira. Ele também apontou o sucesso recente de campanhas como o “Dia D” de vacinação contra a gripe no Brasil, mesmo diante da desinformação.

Inovação digital e saúde mental

Na pauta da transformação digital, o Brasil dará continuidade ao debate sobre regulamentação da saúde digital e o uso ético da inteligência artificial. Segundo Padilha, essas ferramentas devem apoiar o trabalho dos profissionais de saúde, e não substituí-los. Ele também anunciou a criação de 50 mil vagas para capacitação de profissionais do SUS via UNA-SUS.

Outro destaque foi o projeto “Fronteiras Saudáveis e Seguras no Mercosul”, coordenado pelo Brasil com apoio da OPAS e da Agência Brasileira de Cooperação. Há ainda planos para transformar o atual comitê de saúde mental em uma comissão permanente, além de ampliar o debate sobre transplantes de órgãos e doação de tecidos.

Diplomacia da saúde e agenda climática

Padilha também celebrou o Acordo de Pandemias, recentemente aprovado, que estabelece medidas para garantir acesso equitativo a insumos médicos e proteção aos trabalhadores da saúde. Ele reforçou a ideia de que a saúde deve ter papel central nas discussões sobre mudanças climáticas e convidou os países a participarem do lançamento do Plano de Ação de Saúde de Belém, durante a COP30, em novembro.

Integração e compromisso

Encerrando sua participação, Padilha reforçou o papel do Brasil como articulador regional e reafirmou o compromisso com sistemas de saúde mais fortes, inclusivos e resilientes. “Nosso compromisso com a saúde vai além das fronteiras nacionais. Vamos trabalhar juntos por mais integração e por sistemas públicos capazes de enfrentar os desafios do presente e do futuro”, concluiu.

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