A ficção frequentemente apresenta personagens com habilidades fora do comum, mas algumas dessas características têm base na realidade. No filme “Novocaine: À Prova da Dor”, lançado na última quinta-feira (27/03), o protagonista Nathan Caine (interpretado por Jack Quaid) é incapaz de sentir dor física devido a uma condição genética rara.
Embora a narrativa explore essa característica como um diferencial em situações de perigo, a Insensibilidade Congênita à Dor com Anidrose (Cipa) é uma doença que pode trazer sérios riscos para os portadores.
O que é a Cipa?
De acordo com a National Library of Medicine, dos Estados Unidos, a Cipa é um distúrbio genético raro caracterizado pela incapacidade de sentir dor e pela ausência de transpiração.
A dor é um mecanismo essencial para alertar o corpo sobre lesões e doenças. Sem essa sensação, indivíduos com Cipa estão mais propensos a ferimentos graves, muitas vezes sem perceber a gravidade da situação. Além disso, a falta de suor compromete a regulação da temperatura corporal, podendo levar à hipertermia.
A doença é causada por mutações no gene NTRK1, que afetam o funcionamento do receptor TrkA, fundamental para a transmissão da dor. Sem esse mecanismo, os neurônios sensoriais não conseguem processar corretamente os estímulos dolorosos, tornando o portador insensível à dor desde o nascimento.
Realidade x Ficção
Diferente do personagem Nathan Caine, que transforma sua condição em uma vantagem em momentos de perigo, a Cipa impõe desafios constantes na vida real. Crianças diagnosticadas com a doença necessitam de supervisão rigorosa para evitar ferimentos graves, e muitos pacientes enfrentam complicações fatais devido à ausência de dor.
O título do filme, “Novocaine”, faz referência à novocaína, um anestésico local amplamente utilizado em procedimentos odontológicos e médicos. Assim como a substância bloqueia temporariamente a dor em regiões específicas do corpo, a Cipa impede que seus portadores percebam qualquer tipo de dor ao longo da vida.