Os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia vão além das perdas materiais e humanas: a saúde mental da população ucraniana tem sofrido consequências severas desde o início do conflito. Um estudo publicado recentemente no JAMA Network Open revelou um aumento preocupante nos índices de pensamentos suicidas e sentimentos de desesperança entre civis expostos diretamente à violência e à destruição causadas pela guerra.
A pesquisa analisou sete levantamentos nacionais realizados entre 2015 e 2022, com mais de 14 mil participantes de diversas regiões do país. Os dados mostraram que moradores das áreas mais afetadas pelo conflito apresentaram uma probabilidade 2,2% maior de ter pensamentos suicidas e um aumento de 4,9% na incidência de desamparo emocional, em comparação com regiões menos impactadas economicamente e estruturalmente.
O estudo também identificou diferenças marcantes entre os grupos. Homens se mostraram mais suscetíveis a pensamentos suicidas, enquanto mulheres relataram mais frequentemente sentimentos de impotência. Além disso, jovens e pessoas com níveis educacionais mais altos também apresentaram maior vulnerabilidade emocional.
Para os pesquisadores, os efeitos psicológicos da guerra podem comprometer a reconstrução do país no período pós-conflito. Por isso, defendem que a saúde mental seja uma prioridade nos planos de recuperação — tanto por parte do governo ucraniano quanto de organizações internacionais.
Entre as ações recomendadas estão a ampliação dos serviços de apoio psicológico, políticas de geração de emprego e a reconstrução das cidades destruídas, medidas consideradas fundamentais para oferecer uma rede de proteção emocional à população.