O Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Ceará, em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Programa Inova, está promovendo um projeto inovador denominado “Tecnologias de Cuidados Indígenas: Mapeamento Participativo dos Especialistas em Medicinas Indígenas do Ceará”. A proposta visa mapear, promover e reconhecer os especialistas indígenas e suas práticas de cura dentro do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), destacando a importância desses saberes ancestrais no contexto da saúde coletiva.
O mapeamento será realizado por meio de 10 pesquisadores selecionados, que irão colaborar na criação de uma plataforma digital colaborativa. Esta plataforma servirá como uma referência para o reconhecimento e valorização das medicinas indígenas, permitindo o acesso a informações sobre os especialistas e suas práticas de cura. Além disso, o projeto inclui a produção de um vídeo documentário, que retratará a diversidade e a relevância das medicinas tradicionais no Ceará, com o objetivo de sensibilizar tanto a sociedade quanto os gestores públicos sobre a importância dessas práticas.
O mapeamento abrangerá as 15 etnias indígenas do estado, distribuídas em 106 aldeias de 17 municípios, atendidas pelos 10 polos-base do Dsei. Segundo Edivan Tremembé, coordenador indígena do projeto, a iniciativa é fundamental para preservar um patrimônio cultural valioso para o Brasil. “A medicina indígena é uma parte essencial da nossa identidade e saúde coletiva. Sem reconhecimento, esses saberes correm o risco de desaparecer. Este projeto busca garantir que nossos especialistas sejam reconhecidos como agentes de saúde, fortalecendo nossa autonomia e cultura”, afirma.
Além do mapeamento, o projeto tem como objetivos promover o diálogo intercultural, o respeito à diversidade e contribuir para um sistema de saúde mais inclusivo e sensível às necessidades específicas dos povos indígenas. Ao fortalecer as tecnologias tradicionais de cura, a iniciativa busca promover o bem-estar e a saúde integral dos povos indígenas, integrando essas práticas ao SasiSUS.
Avanços e Resultados Esperados
Entre os principais resultados esperados, destacam-se:
- Mapeamento Participativo: Identificação dos especialistas indígenas e suas práticas de cura, sistematizando informações importantes para o reconhecimento dessas práticas no Ceará.
- Criação de Inventário: Documentação das práticas terapêuticas, uso de plantas medicinais e rituais de cura realizados pelas comunidades indígenas.
- Plataforma Digital Interativa: Desenvolvimento de uma plataforma para facilitar o acesso a informações sobre as medicinas indígenas e seus especialistas.
- Elaboração de Relatórios Técnicos: Produção de relatórios para gestores de saúde, visando a integração das medicinas indígenas ao SasiSUS.
- Vídeo Documentário: Produção de um vídeo que valorize e difunda o conhecimento tradicional para diferentes públicos.
- Capacitação de Pesquisadores Indígenas: Formação de pesquisadores indígenas, garantindo protagonismo e autonomia na pesquisa sobre os conhecimentos tradicionais de saúde.
Promoção do Diálogo Intercultural
Além das ações de mapeamento e documentação, o projeto prevê a realização do IV Encontro dos Cuidadores e Cuidadoras da Medicina Indígena no Ceará. Este evento reunirá especialistas indígenas, lideranças comunitárias, gestores de saúde e pesquisadores para discutir os avanços do projeto e planejar estratégias para a valorização das práticas tradicionais dentro do sistema público de saúde.
A iniciativa representa um novo paradigma na relação entre conhecimento tradicional e ciência, promovendo o diálogo intercultural e a construção de um modelo de atenção à saúde mais inclusivo e sensível às especificidades das comunidades indígenas. Ao integrar as medicinas indígenas ao sistema público de saúde, o projeto se torna um exemplo significativo de valorização cultural e do protagonismo dos povos indígenas na construção de um futuro mais equitativo e inclusivo para todos.