Joey Farrell, um ex-fisiculturista britânico de 30 anos, compartilhou sua experiência pessoal após ser diagnosticado com insuficiência cardíaca, condição que ele acredita ter sido causada pelo uso contínuo de esteroides anabolizantes. Apesar de ter sido alertado para os riscos à saúde, Joey continua a utilizar as substâncias, argumentando que é crucial para a sua carreira no fisiculturismo.
Em um relato impactante, Joey admite que, embora tenha consciência dos danos irreversíveis que os esteroides podem causar ao corpo, ele aconselha enfaticamente outras pessoas a evitarem seguir o mesmo caminho. “É contraditório, mas estou tentando alertar os outros sobre os perigos”, disse ele.
A história de Joey não é única. Tom Powell, também enfrentou sérios efeitos colaterais do uso de esteroides. Powell foi diagnosticado com ginecomastia, uma condição que resultou no desenvolvimento de tecido mamário excessivo. Ele se submeteu a uma cirurgia para remoção do tecido, mas também reforça a advertência de Joey ao afirmar que “não vale a pena de maneira alguma” usar esteroides.
Esteroides: Uso e riscos
Estudos apontam que o uso de esteroides anabolizantes — substâncias sintéticas que imitam os efeitos da testosterona — está crescendo no Reino Unido, com estimativas que indicam cerca de 500 mil usuários. Contudo, não há dados oficiais sobre a prevalência da substância. No país, o uso de esteroides sem prescrição médica é ilegal, e a venda ou distribuição também pode resultar em severas penalidades, incluindo até 14 anos de prisão.
De acordo com especialistas, os esteroides podem levar a uma série de efeitos adversos, que incluem disfunção erétil, infertilidade, calvície e problemas psicológicos, como os experimentados por Powell, que relatou sofrer de depressão e alterações de humor intensas. Esses efeitos são apenas a ponta do iceberg quando se trata das consequências a longo prazo para a saúde.
O impacto na saúde de Joey
Em janeiro de 2024, Joey foi diagnosticado com miocardiopatia dilatada induzida por esteroides — uma condição rara e séria que enfraquece o coração, dificultando a circulação de sangue. “Meus níveis de troponina estavam altíssimos, o que indicava um ataque cardíaco iminente”, explica ele. A condição o fez refletir sobre as escolhas feitas ao longo da vida, mas sua dependência dos esteroides ainda persiste devido à pressão da sua profissão.
Apesar da recomendação médica de interromper o uso das substâncias, Joey retornou às competições após 16 semanas de recuperação. Atualmente, ele toma uma dosagem reduzida de testosterona para compensar a produção hormonal comprometida pelos esteroides.
“Eu sei que estou comprometendo minha expectativa de vida. Cada dia que passo usando esteroides, estou perdendo 20 anos de vida”, admite Joey.
Desafios no uso de esteroides e falta de regulamentação
O uso de esteroides no fisiculturismo e entre atletas continua sendo um fenômeno crescente, mas, de acordo com especialistas, a falta de regulamentação e de orientações clínicas adequadas contribui para o aumento de danos à saúde. “Fisiculturistas seguem uma abordagem de tentativa e erro, sem qualquer supervisão médica”, explica Joey, destacando que, muitas vezes, os conselhos sobre o uso de esteroides vêm de outros usuários, em vez de profissionais qualificados.
Os efeitos colaterais dos esteroides são bem conhecidos por aqueles que os utilizam. Mas, mesmo com os riscos amplamente divulgados, muitos continuam a tomar a substância, ignorando as potenciais consequências.
Proteger outras pessoas
Joey e Powell, agora mais conscientes dos perigos dos esteroides, buscam alertar outros sobre os danos que o uso indiscriminado pode causar. “Só porque eu fiz essa escolha, não significa que você deva cometê-la”, afirma Joey, incentivando os outros a refletirem sobre os efeitos a longo prazo antes de tomar a decisão de usar substâncias tão arriscadas.
Chris Saville, especialista do sistema de saúde público do País de Gales, afirma que a falta de compreensão sobre os efeitos a longo prazo do uso de esteroides é um problema crescente, e que a conscientização é crucial para evitar danos irreparáveis. Jim McVeigh, também especialista em uso abusivo de substâncias, reforça a importância do diálogo aberto sobre os riscos, enfatizando que a escolha de reduzir os danos é individual, mas deve ser baseada em informações precisas e evidências científicas.
