A febre amarela é uma doença viral transmitida por mosquitos, que pode evoluir para quadros graves e até levar à morte. Em 2024, o Brasil registrou 61 casos e 30 mortes relacionadas à doença. Este ano, a situação preocupa especialmente em São Paulo, onde, nos dois primeiros meses de 2025, foram confirmados 19 casos e 13 óbitos.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), nenhuma das vítimas havia sido vacinada contra a febre amarela. O aumento no número de casos acende um alerta para a possibilidade de um novo surto.
“A única forma de prevenção eficaz é a vacinação. Ela é segura, oferece imunidade vitalícia e é a nossa melhor proteção contra a doença”, afirma a coordenadora do Comitê de Medicina de Viagem da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O risco de novos surtos
A febre amarela costuma seguir um padrão cíclico, com surtos que ocorrem a cada sete ou oito anos, sendo mais frequentes entre os meses de dezembro e maio. O último grande surto ocorreu entre 2016 e 2017. No entanto, com a queda na cobertura vacinal em diversas regiões das Américas, especialistas alertam para um aumento no risco de epidemias.
O desmatamento também tem um papel importante nesse cenário. A destruição de habitats naturais dos mosquitos e dos seus hospedeiros aumenta a interação entre humanos e animais infectados, o que pode intensificar o risco de surtos.
“Infelizmente, o avanço do desmatamento e a presença do ciclo silvestre da doença, com pessoas migrando para áreas endêmicas, contribuem para o aumento do risco de surtos”, explica o professor César, da Universidade Católica de Brasília.
Caminhos da transmissão
A febre amarela é transmitida por mosquitos infectados. Existem dois ciclos principais de transmissão da doença:
- Ciclo silvestre: Ocorre quando mosquitos do gênero Haemagogus e Sabethes picam animais infectados, como macacos, e, posteriormente, transmitem o vírus para seres humanos que habitam ou transitam por áreas de floresta, zonas rurais ou periféricas.
- Ciclo urbano: Neste caso, o mosquito Aedes aegypti, conhecido por sua presença em áreas urbanas, transmite a doença ao picar uma pessoa infectada e, em seguida, espalha o vírus para outras pessoas na cidade.
Sintomas e evolução
Os sintomas da febre amarela podem variar de leves a graves, e incluem:
- Febre alta
- Dor de cabeça intensa
- Dores musculares
- Náuseas e vômitos
- Icterícia (pele e olhos amarelados)
- Sangramentos
- Insuficiência de órgãos
Prevenção é a chave
A principal forma de prevenção é a vacina, que é recomendada para todos, principalmente para pessoas que residem ou vão viajar para áreas com risco de transmissão. Além disso, algumas medidas adicionais podem ajudar a controlar a propagação da doença, como eliminar criadouros de mosquitos, usar repelentes e adotar roupas que protejam a pele.
Para quem vive em regiões de mata, a precaução deve ser ainda maior. “É fundamental evitar atividades ao ar livre durante os horários de maior atividade dos mosquitos, que geralmente ocorrem ao amanhecer e ao entardecer”, aconselha a especialista.
Com a ameaça da febre amarela ainda presente, a vacinação continua sendo a defesa mais eficaz contra a doença, e a conscientização sobre as medidas de prevenção é essencial para controlar seu avanço.