Kayleigh Walker, professora de 37 anos, descobriu que estava com câncer de mama metastático após meses de sofrimento por dores nas costas e no pescoço. Durante a gravidez de sua segunda filha, no final de 2022, Kayleigh começou a sentir dores intensas que pioraram ao longo das semanas. Contudo, os médicos acreditaram que os sintomas eram apenas decorrentes da gestação e atribuíram a dor ao processo natural da gravidez.
À medida que a dor se intensificava, a professora se viu incapaz de levantar sua filha mais velha e até de manter-se de pé por longos períodos. Mesmo com o aparecimento de um caroço nas costas e a dor constante, os profissionais de saúde evitaram exames mais profundos, preocupados com os riscos que exames de imagem poderiam oferecer para a gestante.
Sintomas negligenciados e diagnóstico tardio
Durante meses, Kayleigh recorreu a médicos e fisioterapeutas, mas os sinais de câncer foram ignorados. A dor persistente foi inicialmente tratada com analgésicos leves e fisioterapia, mas evoluiu para espasmos e imobilidade, levando-a a precisar de cadeira de rodas para se locomover em casa. “Muitas vezes fui chamada de ‘fresca’ por não conseguir lidar com a dor”, diz Kayleigh. Além disso, sinais como a presença de um caroço no braço, inchaço na nuca e uma fadiga intensa passaram despercebidos.
A situação só foi investigada mais profundamente quando Kayleigh encontrou um nódulo no seio direito. Foi então que uma ressonância magnética revelou o câncer de mama metastático, já espalhado pelos ossos. O diagnóstico foi confirmado como um câncer triplo-negativo, um tipo especialmente agressivo que afeta principalmente mulheres mais jovens. De acordo com o mastologista André Mattar, “as metástases podem atingir órgãos como fígado, pulmão e ossos, sendo mais comuns nos tipos mais agressivos de câncer de mama, como o HER2 e os triplo-negativos”.
Tratamento de emergência e cesariana precoce
O diagnóstico chegou na 30ª semana de gestação, no início de 2023. O caso de Kayleigh era tão grave que duas de suas vértebras estavam esfareladas devido ao câncer ósseo. O risco de paralisia permanente levou à decisão de realizar uma cesariana de emergência. Sua filha, Rosie, nasceu com apenas 1,35 kg e na 30ª semana de gestação.
Após o parto, os exames revelaram a gravidade da doença. “Meus ossos estavam tão frágeis quanto os de um homem de 80 anos. Fraturei o braço ao levantar uma chaleira para fazer chá”, relatou Kayleigh em suas redes sociais.
Recuperação e luta contínua
Kayleigh passou por uma cirurgia para fixar 11 pinos em sua coluna e iniciou um tratamento de imunoterapia com o objetivo de reduzir o tumor. Embora tenha conseguido estabilizar a progressão da doença, ela ainda não alcançou a remissão completa. Desde então, Kayleigh tem feito exames regulares a cada três meses, mas a espera pelos resultados segue sendo uma fonte de ansiedade. “Tento não deixar minha mente preencher as lacunas durante a espera pelos exames”, compartilha.
Conscientização e empoderamento
Com o objetivo de ajudar outras mulheres, Kayleigh está usando sua experiência para aumentar a conscientização sobre o câncer de mama metastático e os sintomas que muitas vezes são negligenciados. “Eu não sabia que o câncer de mama poderia se manifestar com dores nas costas ou no pescoço. Agora, quero que outras mulheres saibam que devem exigir investigações adequadas quando sentirem que algo não está certo com o seu corpo”, afirma.
Kayleigh reforça que as gestantes não devem se sentir sobrecarregadas ou ignoradas: “Não somos super-heroínas. Precisamos ser ouvidas e cuidadas.” Ela defende que o conhecimento sobre os sintomas menos comuns do câncer de mama, como dores nos ossos, pulmões ou fígado, deve ser disseminado para que as mulheres possam procurar ajuda médica com antecedência e evitar diagnósticos tardios.