Gripe aviária: Brasil em estado de atenção com novos casos sob investigação

Reprodução: Danganhfoto/pixabay

O Brasil volta a acender o sinal de alerta para a gripe aviária após a confirmação do primeiro caso do vírus H5N1 em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) investiga atualmente três novas suspeitas da doença em Santa Catarina, Tocantins e Ceará, levantando a preocupação sobre uma possível disseminação do vírus em território nacional.

Na última sexta-feira (16/05), o vírus foi detectado em uma granja no município de Montenegro (RS), onde cerca de 17 mil aves estavam alojadas. Parte delas morreu e o restante foi abatida preventivamente. No mesmo estado, um zoológico localizado a aproximadamente 50 km do local também registrou a morte de 38 aves — entre patos e cisnes — também causada pela doença.

Com esses dois focos confirmados, o Mapa acompanha de perto outras três granjas com suspeita de contaminação: uma em Ipumirim (SC), outra em Aguiarnópolis (TO), ambas comerciais, e uma terceira em Salitre (CE), de produção familiar. Já foram descartadas suspeitas em outras localidades, como Gracho Cardoso (SE), Nova Brasilândia (MT) e Triunfo (RS), cujas amostras testaram negativo.

Risco de surto é real, mas depende de contenção eficaz

Especialistas afirmam que ainda é cedo para falar em um surto de grandes proporções, mas reconhecem que o cenário exige vigilância redobrada. O virologista Fernando Spilki alerta que a confirmação de novos casos pode demandar a ampliação das áreas de contenção e controle. “A disseminação geográfica do vírus é o que mais preocupa. Se ele estiver presente em diferentes regiões, o trabalho para conter a propagação será muito mais complexo”, explica.

A biomédica Mellanie Fontes-Dutra, professora da Unisinos, ressalta a importância de analisar as amostras para detectar possíveis mutações. Segundo ela, quanto mais o vírus circula entre diferentes hospedeiros, maior a chance de adaptação, inclusive com risco aumentado de infecção em mamíferos e humanos.

Brasil pode recuperar status sanitário em 28 dias

Apesar das novas suspeitas, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o país pode recuperar seu status sanitário em até 28 dias — prazo estipulado pelos protocolos internacionais — desde que não surjam novos casos e todas as medidas de controle sejam cumpridas.

“O protocolo da gripe aviária determina esse ciclo de 28 dias. Se não tivermos novos registros, poderemos declarar o Brasil livre da doença”, disse Fávaro a jornalistas nesta segunda-feira (19).

A OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) reconhece esse período como suficiente para garantir o controle do vírus, desde que haja cumprimento rigoroso das medidas de biossegurança.

No entanto, o infectologista Alexandre Naime Barbosa, da Unesp, lembra que, mesmo após a possível retomada do status sanitário, o país deve manter vigilância ativa. “O vírus continua circulando em aves silvestres. O monitoramento deve ser constante e envolver ações integradas entre saúde humana, animal e ambiental — numa abordagem de saúde única, ou One Health”, afirmou.

Cenário internacional mostra que controle é desafiador

A experiência de países como Estados Unidos, Argentina e diversas nações europeias mostra que o controle da gripe aviária pode ser desafiador. Desde 2022, os EUA enfrentam o maior surto de H5N1 de sua história, com mais de 170 milhões de aves afetadas e prejuízos que ultrapassam US$ 1,4 bilhão, segundo a Associação Médica Veterinária Americana (AVMA).

Diante disso, especialistas reforçam que o Brasil precisa agir rapidamente. “É difícil conter o vírus nos primeiros casos. Na maioria dos países, a doença avançou, mas a diferença está na eficácia das ações adotadas. Estamos em um momento decisivo para evitar que o mesmo ocorra aqui”, alerta Spilki.

Biossegurança tem funcionado, mas é hora de reforçar

Apesar das preocupações, o sistema de vigilância brasileiro tem sido elogiado por especialistas. O Brasil conseguiu retardar significativamente a entrada do vírus em granjas comerciais, o que mostra a eficácia das barreiras sanitárias e das práticas de biossegurança adotadas até agora.

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