HPV: como a doença se manifesta nos homens

Reprodução: Mastertux/pixabay

Um estudo recente publicado no periódico The Lancet Global Health revelou que a prevalência do HPV entre homens com mais de 15 anos é alta, levantando preocupações sobre a prevenção e o diagnóstico dessa infecção em homens. De acordo com a pesquisa, que analisou quase 5,7 mil artigos científicos entre 1995 e 2022, um em cada três homens está infectado com pelo menos um tipo genital do HPV. Além disso, cerca de um em cada cinco homens está infectado com um ou mais tipos de HPV de alto risco, que podem causar câncer.

A Doença Silenciosa

O HPV, frequentemente, não apresenta sintomas. Quando surgem, as manifestações podem ser discretas e facilmente confundidas com outros problemas, como fungos ou alergias. Em muitos casos, as lesões podem desaparecer espontaneamente, mas antes disso, o indivíduo já pode ter transmitido o vírus a suas parcerias. O vírus pode se manifestar entre 2 a 8 meses após a infecção, podendo, em alguns casos, aparecer até mais de uma década depois.

Mesmo quando as lesões não são visíveis, elas podem resultar no desenvolvimento de lesões pré-malignas ou malignas, especialmente os tipos de HPV de alto risco.

Sintomas do HPV nos Homens

As lesões mais comuns do HPV são as verrugas genitais, também conhecidas como condilomas acuminados. Qualquer lesão verrucosa na área genital deve ser considerada suspeita para HPV. Além das verrugas, outras lesões podem aparecer como placas elevadas e ásperas ou nódulos escurecidos. As áreas mais afetadas pelo HPV nos homens incluem:

  • Glande (cabeça do pênis)
  • Sulco (pescoço do pênis)
  • Corpo peniano
  • Região pubiana
  • Bolsa escrotal
  • Raiz das coxas
  • Períneo
  • Região anal
  • Cavidade oral (por meio do sexo oral desprotegido)

Embora muitas dessas lesões sejam assintomáticas, elas são altamente infectantes e podem passar despercebidas. Uma avaliação médica cuidadosa é essencial para detectar essas lesões, especialmente as subclínicas, que não são visíveis a olho nu, mas que podem contribuir significativamente para a transmissão do vírus.

Diagnóstico do HPV

O diagnóstico do HPV começa com uma análise detalhada do histórico sexual do paciente, uma vez que o tempo entre a infecção e a manifestação da doença pode variar. É importante saber se o indivíduo foi vacinado contra o HPV e quantas doses recebeu, pois isso pode influenciar o diagnóstico e a prevenção de novos contágios.

O exame físico envolve a inspeção genital, e em alguns casos, pode ser necessário realizar biópsias ou exames moleculares para confirmar o tipo de HPV e determinar seu risco de malignidade. Não existem testes sanguíneos para detectar o HPV, mas a pesquisa de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é crucial, uma vez que essas infecções compartilham os mesmos fatores de risco.

Tratamento do HPV

Não existe um tratamento específico para eliminar o HPV, mas o manejo depende do tipo e da localização das lesões. O tratamento geralmente envolve terapias ablativas, como cauterizações a frio, quente ou química, para destruir as lesões e as células infectadas. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de terapias imunológicas ou tópicas, como cremes e pomadas.

As lesões podem ser difíceis de eliminar completamente, com alta possibilidade de recorrência, especialmente nos primeiros meses após o tratamento. Se as lesões afetarem cavidades internas, como a boca, o ânus, a uretra ou a bexiga, tratamentos mais complexos podem ser necessários, incluindo procedimentos cirúrgicos.

Riscos de Não Tratar o HPV

O HPV não tratado pode ter sérias consequências, principalmente em indivíduos com imunodeficiência. Mesmo em pessoas com imunidade normal, as lesões podem se tornar múltiplas, maiores e mais difíceis de tratar. Além disso, o HPV é a principal causa do câncer de colo de útero em mulheres e pode estar relacionado ao câncer de pênis, canal anal e cabeça e pescoço, especialmente em homens que praticam sexo com homens.

Prevenção do HPV

O uso do preservativo durante as relações sexuais é uma das formas mais eficazes de prevenir a transmissão do HPV. No entanto, o preservativo não oferece proteção total, especialmente se houver lesões fora da área coberta ou durante o sexo oral. O preservativo feminino, por oferecer uma maior cobertura, pode ser mais eficaz.

A vacina contra o HPV é a medida mais eficaz de prevenção. Ela está disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos de 9 a 14 anos, em um esquema de 2 doses. Além disso, pessoas com condições como HIV, transplantados ou pacientes oncológicos, entre 9 e 45 anos, também têm acesso gratuito à vacina, que cobre os tipos mais prevalentes de HPV.

Conclusão

O HPV é uma infecção comum e silenciosa que pode levar a complicações graves, como câncer, se não for tratada adequadamente. A prevenção através da vacinação e do uso de preservativos é fundamental, mas a conscientização e a educação contínua sobre as ISTs, especialmente entre os adolescentes, são essenciais para reduzir a propagação do vírus.

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