Um novo método contraceptivo será incorporado à rede pública de saúde no Brasil. O Ministério da Saúde anunciou que o implante subdérmico de etonogestrel, conhecido comercialmente como Implanon, estará disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda em 2025. O objetivo é ampliar o acesso a métodos de alta eficácia e longa duração para prevenir gestações não planejadas e fortalecer o planejamento reprodutivo no país.
Com validade de até três anos e taxa de eficácia superior a 99%, o implante é considerado uma das opções mais seguras entre os contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs, na sigla em inglês). Hoje, no setor privado, o dispositivo custa entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.
“O implante é mais eficaz do que os métodos atualmente ofertados. Vamos iniciar a implementação ainda este ano, com orientação às equipes de saúde e aquisição dos insumos. A expectativa é que, até 2026, 1,8 milhão de unidades sejam distribuídas — sendo 500 mil já em 2025”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A decisão foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e anunciada na última quarta-feira (02/07). O investimento total será de R$245 milhões.
Avanço no planejamento reprodutivo
Segundo Ana Luiza Caldas, secretária de Atenção Primária à Saúde, a medida representa um passo importante na consolidação de políticas públicas voltadas à autonomia reprodutiva. “É mais uma opção segura e eficaz. O acesso gratuito pelo SUS representa um avanço no cuidado com a saúde sexual e reprodutiva, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade.”
Além de evitar gestações não planejadas, o uso de contraceptivos de longa duração contribui para a redução da mortalidade materna, uma das metas estabelecidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O Brasil se comprometeu a reduzir em 25% a mortalidade materna geral até 2027 e em 50% entre mulheres negras.
Como funciona o implante
O Implanon é inserido sob a pele do braço, por um profissional de saúde treinado, e libera o hormônio etonogestrel de forma contínua. Durante os três anos de ação, não é necessária nenhuma manutenção. Caso a usuária deseje engravidar, a fertilidade é retomada rapidamente após a retirada.
Hoje, o único método LARC oferecido pelo SUS é o DIU de cobre. Com a inclusão do Implanon, o Ministério da Saúde busca ampliar a gama de escolhas para as mulheres brasileiras, reduzindo a dependência de métodos que exigem uso regular, como pílulas e injetáveis.
Quando estará disponível?
A portaria de incorporação deve ser publicada nos próximos dias. A partir da publicação, o Ministério da Saúde terá até 180 dias para organizar a oferta do implante. O processo inclui a compra dos dispositivos, capacitação de médicos e enfermeiros e a distribuição às Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
A prioridade será para os serviços que já atuam com planejamento reprodutivo e contam com equipes habilitadas. A ampliação da rede ocorrerá gradualmente, com estratégias de formação prática e teórica dos profissionais de saúde.