Muita gente só busca atendimento médico quando sente algo fora do comum. No entanto, realizar exames de sangue de forma periódica, mesmo sem nenhum sintoma, é uma medida preventiva essencial para identificar possíveis desequilíbrios no organismo antes que se tornem problemas graves.
De acordo com especialistas, diversas doenças se desenvolvem de forma silenciosa e só são notadas em estágios mais avançados, quando o tratamento se torna mais complexo. “Na prática médica, quanto mais cedo conseguimos detectar uma alteração, maiores são as chances de sucesso no controle ou tratamento. Os exames laboratoriais são ferramentas valiosas para isso, já que revelam mudanças internas antes mesmo de o corpo reagir com sintomas”, explica uma médica com atuação em Brasília.
A frequência ideal e os tipos de exames variam conforme o perfil de cada pessoa, levando em consideração fatores como idade, histórico familiar e estilo de vida. Para pessoas saudáveis, com exames anteriores normais, geralmente recomenda-se a realização dos testes uma vez por ano. Já em situações específicas — como presença de doenças crônicas ou alterações anteriores — o acompanhamento pode ser mais rigoroso.
O que os exames podem revelar mesmo na ausência de sintomas
Entre os principais exames solicitados está o hemograma completo, que analisa a composição das células sanguíneas. Ele pode apontar desde anemias e infecções até condições mais sérias, como doenças hematológicas. “A anemia, por exemplo, pode se desenvolver aos poucos e passar despercebida. Muitas vezes está ligada à deficiência de ferro ou a perdas sanguíneas discretas que a pessoa nem percebe”, afirma a especialista.
Outros exames de rotina incluem a glicemia em jejum e a hemoglobina glicada, que avaliam o risco ou a presença de diabetes; o perfil lipídico, que mede os níveis de colesterol e triglicerídeos; além dos testes de função hepática e renal, importantes para acompanhar o funcionamento do fígado e dos rins. A dosagem do TSH também é frequente, por indicar como está a atividade da tireoide.
Esses exames simples ajudam no diagnóstico precoce de problemas metabólicos, deficiências nutricionais e disfunções hormonais. “Muitas dessas condições não provocam sintomas imediatos, mas podem evoluir e causar danos significativos à saúde se não forem tratadas a tempo. O colesterol elevado, por exemplo, é um fator silencioso que aumenta consideravelmente o risco de infarto e AVC”, alerta a médica.
Ela recomenda que todos façam ao menos um hemograma, um exame de glicemia e o perfil lipídico anualmente, mesmo que se sintam bem. “São exames acessíveis, rápidos e que oferecem uma visão abrangente da saúde geral do paciente”, diz.
Cuidar da saúde agora evita complicações no futuro
Ignorar os exames de rotina pode resultar na detecção tardia de doenças que poderiam ter sido tratadas de forma simples em estágios iniciais. “O problema de esperar pelos sintomas é que, em muitos casos, quando eles aparecem, a doença já avançou. Isso pode implicar tratamentos mais longos, mais caros e com maior impacto na qualidade de vida”, adverte a médica.
Ela reforça que quem possui histórico familiar de doenças como diabetes, hipertensão, problemas hormonais ou renais deve ter atenção redobrada. “Nessas situações, identificar alterações precocemente pode evitar complicações sérias. Às vezes, uma mudança alimentar ou o uso de uma medicação leve já é suficiente para controlar o quadro”, completa.
Além de prevenir, os exames de sangue são importantes para acompanhar os efeitos de mudanças no estilo de vida. Melhorias na alimentação, a prática regular de exercícios e outras decisões saudáveis podem ser monitoradas por meio dos resultados laboratoriais, mostrando se os esforços estão surtindo efeito.