Aos 2 anos, o pequeno Juwan enfrenta uma batalha delicada após perder a visão devido a uma infecção grave causada pelo vírus do herpes simples (HSV). O problema começou há sete meses, quando uma lesão surgiu em seu olho e evoluiu para um quadro irreversível. Agora, a família luta para salvar o órgão por meio de um procedimento cirúrgico inovador.
Especialistas acreditam que o vírus tenha sido transmitido por um beijo de alguém com uma afta ativa na boca. Em agosto do ano passado, quando Juwan tinha apenas 16 meses, a infecção ocular foi inicialmente confundida com um problema comum, sem melhora com colírios antibióticos. Com o agravamento do quadro, um especialista confirmou o diagnóstico inesperado: herpes ocular.
A mãe do menino, Michelle Saaiman, de 36 anos, relembra o choque ao receber a notícia. “O médico me disse que havia uma bolha de febre crescendo na córnea do meu filho. Achei que fosse uma brincadeira de mau gosto, porque nunca tinha ouvido falar disso acontecendo no olho”, contou em entrevista ao jornal Metro.
Por semanas, médicos tentaram conter a infecção, inclusive consultando especialistas nos Estados Unidos para encontrar a melhor medicação. No entanto, o vírus já havia causado danos severos. “O cérebro deixou de reconhecer o olho e parou de enviar sinais para ele. Sem lubrificação, a córnea começou a se deteriorar e ele perdeu completamente a visão”, explica Michelle.
O agravamento da condição levou à formação de uma abertura de quatro milímetros no olho, tornando Juwan vulnerável a infecções constantes. Para evitar a perda total do órgão, a família se deslocou até a Cidade do Cabo, onde o menino passou por um enxerto de membrana amniótica e teve as pálpebras temporariamente costuradas para proteger a região.
A próxima etapa será decisiva: em abril, Juwan será submetido a uma cirurgia na África do Sul que conectará nervos da perna ao olho, possibilitando um futuro transplante de córnea que pode restaurar parcialmente sua visão.
Diante dos desafios, Michelle destaca a resiliência do filho. “Juwan é um guerreiro, ele enfrenta tudo isso com um sorriso no rosto. Mas passou por muita dor. Não é justo que alguém tão pequeno sofra tanto”, desabafa.
A origem da infecção também trouxe sentimentos conflitantes para os pais, que não possuem herpes no sangue. Inicialmente, a suspeita de que o vírus tenha sido transmitido por um beijo gerou revolta. “Ficamos com raiva de quem foi descuidado ao beijá-lo com uma afta ativa”, admite Michelle.
Com o tempo, no entanto, a visão sobre o ocorrido mudou. “Beijos são demonstrações de amor. Tenho certeza de que quem fez isso nunca imaginou que poderia prejudicá-lo”, reflete a mãe.
Agora, a família segue focada na recuperação de Juwan, apostando na cirurgia como esperança para que o menino volte a enxergar, ao menos parcialmente.