O Ministério da Saúde anunciou, nesta terça-feira (18/02), uma nova diretriz que estabelece a suplementação universal de cálcio para todas as gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medida visa prevenir a pré-eclâmpsia, uma condição que representa uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil e está associada a complicações graves como parto prematuro e óbito neonatal.
Suplementação de cálcio: medida obrigatória e eficaz
Embora a suplementação de cálcio já fosse recomendada no protocolo de pré-natal de baixo risco do Ministério da Saúde desde 2012, a medida agora se torna universal e obrigatória. A diretriz segue as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que desde 2011 recomenda o suplemento para gestantes com baixa ingestão do mineral ou em risco de pré-eclâmpsia.
De acordo com estudos, a suplementação diária de cálcio pode reduzir em mais de 50% o risco de desenvolvimento da pré-eclâmpsia. “A condição pode se manifestar a partir da 20ª semana de gestação e causar complicações graves, como insuficiência hepática, insuficiência renal, descolamento prematuro de placenta e restrição do crescimento fetal”, explica Renata, coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Mulheres.
Desafio da deficiência de cálcio entre gestantes
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018) revelou que mais de 96% das mulheres adultas consomem menos cálcio do que o recomendado, o que torna a suplementação uma estratégia crucial para combater essa deficiência, especialmente entre as gestantes.
Como será realizada a suplementação no SUS
O protocolo estabelece que todas as gestantes atendidas pelo SUS receberão suplementação diária de cálcio a partir da 12ª semana de gestação até o parto. A dosagem recomendada será de dois comprimidos diários de carbonato de cálcio (1.250 mg, equivalente a 1 g de cálcio elementar). A prescrição poderá ser realizada por médicos, enfermeiros e nutricionistas das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS).
É importante observar que o cálcio não deve ser ingerido ao mesmo tempo que o ferro. Deve-se esperar um intervalo de duas horas entre a ingestão dos suplementos para garantir a absorção adequada dos nutrientes.
A distribuição do suplemento será organizada dentro do planejamento da assistência farmacêutica do SUS, com a responsabilidade compartilhada entre estados, municípios e o Distrito Federal. As equipes da APS acompanharão a implementação da medida, garantindo que as gestantes recebam o suplemento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e que a recomendação seja cumprida em todo o país.