A música de câmara, especialmente na sua forma mais íntima, como os quartetos de cordas, tem o poder de transmitir emoções profundas ligadas à perda e ao luto. Compositores como Felix Mendelssohn, Jón Leifs e Giacomo Puccini transformaram suas experiências de dor pessoal em obras que tocam diretamente o coração humano, mesclando melancolia e beleza. Um estudo publicado no BMJ explora a conexão entre música e luto.
Mendelssohn, por exemplo, compôs seu último quarteto de cordas (Opus 80) após a morte de sua irmã Fanny. Criado meses antes de sua própria morte, a obra reflete uma intensidade emocional única, marcada por agitação, descontinuidade e uma melancolia pungente, traduzindo seu luto profundo. A peça é uma elegia pessoal, um grito de dor, que se distancia de suas composições anteriores, mais doces e inovadoras.
O compositor islandês Jón Leifs também expressou sua dor por meio da música, criando o quarteto Vita et Mors após a trágica perda de sua filha adolescente, vítima de um afogamento. Composto por três movimentos, o quarteto evoca a infância, a juventude e a eternidade da filha, unindo tristeza, consolo e a beleza da memória. As harmonias angustiadas e os delicados pizzicatos do quarteto refletem a dor e a saudade de uma perda irreparável.
Já Giacomo Puccini, em um gesto de lamento, compôs Crisantemi em homenagem ao seu amigo Amadeo di Savoia, que havia falecido. Com apenas seis minutos de duração, a peça é uma expressão sincera e espontânea de luto, simbolizada pelos crisântemos, flores tradicionais do luto na Itália. A obra traduz a dor e o amor de maneira breve, mas profunda, ressoando com a dor da perda e a beleza da lembrança.