Peter Hildebrand, pai de Daisy Hildebrand, de 8 anos, que morreu após contrair sarampo em Seminole, no Texas, afirmou que não se arrepende de não ter vacinado a filha. Em entrevista ao site da organização antivacina Children’s Health Defense, ele declarou que, se tiver outros filhos, também não pretende vaciná-los.
“Não mesmo. E daqui em diante, se eu tiver outros filhos no futuro, eles não serão vacinados de jeito nenhum”, disse.
A declaração chamou atenção por ocorrer em meio a um dos maiores surtos de sarampo registrados nos Estados Unidos nas últimas décadas. A doença já havia sido considerada erradicada no país no ano 2000.
Uma comunidade com baixa vacinação
A família Hildebrand vive em uma comunidade menonita do oeste do Texas — grupo religioso conhecido por resistência à medicina moderna, incluindo a vacinação. No condado de Gaines, onde Seminole está localizada, apenas 82% das crianças estão vacinadas, uma das taxas mais baixas do país.
Apesar de o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) ter confirmado que o sarampo foi a causa da morte da criança, Hildebrand contesta. “Ela não morreu de sarampo”, afirmou, responsabilizando profissionais de saúde por um suposto erro médico, sem apresentar provas.
Envolvimento político e polêmicas
O fundador da organização Children’s Health Defense, Robert F. Kennedy Jr., atual secretário da Saúde no governo Trump, visitou pessoalmente a família. Kennedy tem histórico de falas controversas sobre vacinas, como a falsa ligação entre imunizantes e autismo — já cientificamente desmentida. Em 2024, ele concorreu à presidência como candidato independente com apoio do ex-presidente Donald Trump.
Sarampo volta a preocupar nos EUA
Somente no Texas, duas crianças não vacinadas morreram neste surto atual. Um adulto não vacinado também morreu no estado vizinho do Novo México. Casos continuam sendo registrados em outros estados como Ohio, Kansas, Indiana e Oklahoma.
Segundo dados do CDC, os EUA já ultrapassaram 700 casos de sarampo em 2024 — mais que o dobro do total de 2023. A agência enviou equipes ao oeste do Texas para conter a disseminação.
O que dizem os especialistas?
O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa, transmitida pelo ar, e pode ser prevenida com vacina. Para controlar a circulação do vírus, é necessário que pelo menos 95% da população esteja imunizada, garantindo a chamada imunidade coletiva.
Com o crescimento de pedidos de isenção vacinal por motivos religiosos ou ideológicos, a cobertura vacinal tem diminuído em diversas regiões dos EUA, o que aumenta o risco de surtos.
“Essas mortes são trágicas e evitáveis. A vacinação é segura, eficaz e salva vidas. O sarampo não deveria estar matando crianças em 2025”, alertou um especialista em doenças infecciosas.