Faleceu na madrugada desta segunda-feira (21/04), aos 88 anos, o Papa Francisco. O pontífice argentino, primeiro latino-americano a liderar a Igreja Católica, morreu em sua residência oficial, na Casa Santa Marta, no Vaticano, após complicações respiratórias. A informação foi confirmada pelo cardeal Kevin Farrell.
Jorge Mario Bergoglio, nascido em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, vinha enfrentando problemas de saúde há anos. No início de 2025, o Papa havia sido internado com um novo quadro de bronquite, agravado por uma pneumonia dupla que exigiu cerca de 40 dias de internação. No sábado (19), ele ainda apareceu brevemente em público na Basílica de São Pedro, e no domingo (20), fez sua última bênção pascal diante de milhares de fiéis na Praça de São Pedro.
Durante a mensagem de Páscoa, o Papa fez um apelo comovente aos líderes mundiais: “Que não se deixem dominar pelo medo, mas que usem seus recursos para ajudar os necessitados, combater a fome e fomentar o desenvolvimento”.
Francisco carregava, desde a juventude, um histórico delicado de saúde. Ainda jovem, teve parte de um dos pulmões removido. Ao longo de seu pontificado, enfrentou crises recorrentes de bronquite, dores crônicas no joelho — que o levaram a usar cadeira de rodas — e outras internações breves. Mesmo assim, manteve uma rotina ativa até seus últimos dias, sempre voltado à missão pastoral e às reformas dentro da Igreja.
Um Papa do povo
Francisco assumiu o papado em 13 de março de 2013, sucedendo Bento XVI, que havia renunciado ao cargo. Ao escolher o nome Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, já indicava o tipo de liderança que desejava exercer: mais próxima dos pobres, dos excluídos e dos desafios sociais contemporâneos.
Formado inicialmente em química, Bergoglio entrou para o seminário aos 20 anos, tornando-se padre em 1969. Teve uma trajetória acadêmica sólida — foi reitor da Faculdade de São Miguel e concluiu doutorado em teologia pela Universidade de Freiburg, na Alemanha. Foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992, arcebispo em 1998 e, em 2001, recebeu o título de cardeal pelas mãos do então Papa João Paulo II.
Seu papado foi marcado por uma abertura progressista em diversos temas. Francisco buscou reformar a Igreja por dentro, enfrentando com coragem os escândalos de abuso sexual envolvendo membros do clero. Em 2023, reuniu-se pessoalmente com vítimas desses crimes em Portugal, criticando a postura leniente de setores da própria Cúria Romana.
Em 2025, o Vaticano, sob sua liderança, aprovou novas diretrizes que autorizam homens gays a entrarem em seminários católicos, desde que comprometam-se com a vivência da castidade. Para o Papa, o foco deveria estar na vocação e na espiritualidade dos candidatos, e não em suas orientações sexuais.
Uma voz de esperança em tempos difíceis
Durante a crise econômica que abalou a Argentina em 2001, Bergoglio se destacou pelo trabalho solidário e pela defesa das comunidades mais vulneráveis. Esse olhar pastoral atravessou todo o seu pontificado, fazendo de Francisco um líder querido não apenas entre os católicos, mas também respeitado no cenário internacional.
Seu legado é marcado por empatia, coragem e firmeza diante dos desafios da modernidade. Francisco deixa para trás uma Igreja em transformação, mais voltada ao diálogo, à inclusão e à justiça social.
Com sua morte, o mundo se despede de um Papa que não apenas liderou, mas inspirou — com simplicidade, humildade e um profundo compromisso com o Evangelho.